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Turquia: Duas explosões matam pelo menos 30 pessoas

As explosões, que ocorreram do lado de fora da estação de trem de Ancara, também feriram mais de 120 pessoas.

atualizado

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Duas explosões atingiram a capital da Turquia, Ancara, neste sábado, provocando a morte de pelo menos 30 manifestantes que se reuniam para uma marcha pela paz. O país enfrenta ameaças de segurança crescentes a apenas três semanas das eleições antecipadas. As explosões, que ocorreram do lado de fora da estação de trem de Ancara às 10 horas (horário local), também feriram mais de 120 pessoas, conforme o ministério do Interior turco. Segundo o ministério, ainda não estava clara a causa das explosões, mas uma investigação já foi iniciada.

O porta-voz do governista Partido da Justiça e Desenvolvimento, ou AKP, que lidera o governo interino, condenou o episódio como “ataque terrorista”. “Esta é uma ação altamente provocativa destinada a sabotar o processo eleitoral.” Celik disse que testemunhas no local relataram que pelo menos uma das explosões teria sido provocada por um homem-bomba. Ele acrescentou, contudo, que as autoridades que investigam os ataques não conseguiram confirmar esses relatos.

Canais de televisão turcos transmitiram imagens de pânico, com ambulâncias se dirigindo para a área a fim de levar os feridos para hospitais próximos. Manifestantes formaram uma corrente humana em torno da área atacada e colocaram dezenas de corpos em frente à estação, cobrindo-os com bandeiras de sindicatos, partidos políticos e organizações civis participantes da marcha “Trabalho, Paz e Democracia”.

O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu foi informado pelos ministros do Interior e da Saúde sobre os últimos acontecimentos e convocou uma reunião de segurança de emergência com alguns membros do gabinete e autoridades de alto escalão de segurança e de inteligência, de acordo com a agência de notícias estatal da Turquia Anadolu.

Um cenário de violência assola a Turquia após a quebra em julho de um período de dois anos de cessar-fogo entre os rebeldes curdos e o Estado. Centenas de agentes de segurança e civis foram mortos em meio a confrontos entre o proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou PKK, e as forças do Estado. O governo diz ter matado mais de 1 mil militantes curdos.

“Eu condeno quem quer que seja que fez isso. Viemos aqui para expressar nosso desejo de paz, mas enfrentamos outro massacre”, disse Lami Ozgen, presidente da Confederação dos Sindicatos de Funcionários Públicos, ou KESK – um dos principais organizadores da marcha.

A expectativa agora é de que militantes curdos convoquem um cessar-fogo neste domingo para reforçar a segurança no sudeste da Turquia na preparação para as eleições de 1º de novembro, de acordo com entrevistas com altos comandantes do PKK publicadas na mídia curda. O PKK, que está listado como uma organização terrorista pela Turquia, os EUA e a União Europeia, tem lutado pela autonomia curda desde 1984, em um conflito no qual mais de 40 mil pessoas foram mortas.

O Partido Democrático Popular da Turquia, ou HDP, pró-curdos, também estava entre os grupos participantes na manifestação. Desde que o surto de violência começou, após as eleições nacionais de junho, quando o HDP duplicou o seu apoio popular para 13%, entrando no Parlamento pela primeira vez, o líder do partido, Selahattin Demirtas, instou tanto o PKK como o Estado a retomar as negociações de paz. Fonte: Dow Jones Newswires.

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