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- Foto: André Marienko/UNIAN
Começou em Istambul, na Turquia, nesta terça-feira (29/3), uma nova rodada de conversas entre Rússia e Ucrânia para tentar chegar a um acordo sobre a guerra que teve início no dia 24 de fevereiro. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, recepcionou as delegações para o encontro que começou às 4h30, no horário de Brasília.
“As partes têm preocupações legítimas, é possível chegar a uma solução que seja aceitável para a comunidade internacional. A prorrogação do conflito não interessa a ninguém. O mundo inteiro espera boas notícias”, afirmou Erdogan no início do encontro.
O conselheiro político do governo da Ucrânia Mykhailo Podolyak destacou a importância da nova rodada: “As conversas que acontecem agora focam em questões importantes. Uma delas são as garantias internacionais de segurança para a Ucrânia e a segunda é o cessar-fogo para que possamos resolver problemas humanitários que se acumularam no país. Com esse acordo seremos capazes de dar um fim à guerra”.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
OTAN/Divulgação
Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Após dizer na última rodada de conversas que o diálogo não estava fluindo, o negociador russo Vladimir Medinsky se mostrou mais otimista para as negociações desta terça. À televisão russa, ele disse esperar que os dois lados façam uma declaração conjunta logo depois do encontro.
O país comandado por Erdogan tem defendido uma solução pacífica para o conflito e se oferecido para mediar a construção de uma alternativa à guerra. Os turcos tentam se equilibrar entre seus compromissos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual fazem parte, e a amizade com o presidente russo, Vladimir Putin.
De acordo com a agência France Presse, o ex-dono do Chelsea Roman Abramovich também marca presença no encontro. Ele e outras duas pessoas que participaram de uma reunião em Kiev, capital da Ucrânia, no início de março, para negociar um acordo de paz com a Rússia apresentaram sinais de envenenamento. A informação foi divulgada pelo jornal americano Wall Street Journal.
É a segunda vez que a Turquia abriga esse tipo de reunião diplomática, desde o início do conflito, em 24 de fevereiro. O primeiro, e considerado até então o encontro mais emblemático, reuniu pela única vez os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e ucraniana, Dmytro Kuleba. Terminou sem acordo e com troca de acusações.
Zelensky recua
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou atrás e negou a possibilidade de negociar parte do território do país para obter um cessar-fogo.
Em entrevista à revista britânica The Economist, Zelensky defendeu a soberania ucraniana. Na semana passada, ele admitiu que poderia entregar o controle de regiões separatistas, como Donbass e Crimeia, já anexada ao território da Rússia em 2014, na tentativa de uma reunião com Putin.
“É possível que alguns compromissos, que não arrisquem nossa soberania, sejam feitos para salvar vidas. Mas compromissos que provoquem a desintegração do país, como os que Putin propõe, ou melhor, exige, nunca serão feitos”, frisou.