O governo russo quer “dobrar ou talvez até triplicar” a presença do Exército russo na região separatista pró-Rússia de Donbass, onde ficam Donetsk e Lugansk. As informações foram divulgadas por agências internacionais de notícias nesta segunda-feira (11/4).
Segundo o governo ucraniano, a ofensiva na região já começou e a Rússia “concentra milhares de soldados no leste”.
O jornal britânico The Guardian afirmou em reportagem que as tropas russas podem crescer em até 60 mil combatentes após a convocação de reservistas.
O conselheiro do ministro do Interior da Ucrânia, Vadym Denysenko, em entrevista à TV ucraniana, admitiu que a nova ofensiva já começou.
“Do meu ponto de vista, esta grande ofensiva já começou. Temos que entender que não será a repetição de 24 de fevereiro, quando os primeiros ataques aéreos e explosões começaram e dissemos: ‘A guerra começou.’ A grande ofensiva de fato já começou”, explicou.
A Rússia intensificou no domingo (10/4) a ofensiva no sul e leste da Ucrânia. Segundo as autoridades de Kiev, um bombardeamento destruiu totalmente este domingo o aeroporto de Dnipro, a quarta maior cidade do país.
As mais recentes imagens de satélite revelam uma extensa coluna militar a caminho de Izium. A cidade, controlada pelas tropas russas desde a semana passada, é estratégica para controlar militarmente o Donbass.
A Ucrânia disse que reforçou as posições defensivas ao mesmo tempo que denunciava já novos bombardeamentos em Lugansk e em Donetsk. As autoridades ucranianas reforçam o apelo às populações civis para que abandonem a região.
Rússia nega trégua
O governo russo se negou a interromper os bombardeios na Ucrânia para negociar o que seria um acordo de paz no Leste Europeu. Nesta segunda-feira (11/4), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou que Moscou não pedirá que tropas pausem os ataques. As declarações foram dadas em entrevista à TV estatal russa.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerraAnastasia Vlasova/Getty Images

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse localPawel.gaul/ Getty Images

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 kmGetty Images

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideiaAndre Borges/Esp. Metrópoles

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do paísPoca/Getty Images

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiroKutay Tanir/Getty Images

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por territórioAFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu territórioElena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do EstadoWill & Deni McIntyre/ Getty Images

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários delesVostok/ Getty Images

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
“Depois que nos convencemos de que os ucranianos não planejavam retribuir, foi tomada a decisão de que, durante as próximas rodadas de negociações, não haveria pausa enquanto um acordo final não fosse alcançado”, afirmou Lavrov.
A guerra completa, nesta segunda-feira, 47 dias. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) discute a situação dramática que a Ucrânia está vivendo.
Zelensky pede armas
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu aos parlamentares sul-coreanos mais apoio para seus militares, incluindo aviões e tanques.
Nesta segunda-feira (11/4), Zelensky discursou no Parlamento da Coreia do Sul. “A Coreia do Sul pode ajudar a Ucrânia. A Coreia do Sul tem vários sistemas de defesa contra tanques, navios e mísseis russos”, explicou.
Ele emendou. “Ficaríamos gratos se a Coreia do Sul pudesse nos ajudar a combater a Rússia. Se a Ucrânia puder ter essas armas, elas não apenas salvarão a vida das pessoas comuns, mas também salvarão a Ucrânia”, frisou.