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A caminho do Chile, Papa Francisco diz temer uma guerra nuclear

“Estamos no limite”, afirmou o pontífice ao exibir uma imagem tirada em Nagasaki (Japão) após a explosão de uma bomba atômica em 1945

atualizado

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RICCARDO DE LUCA/AP/ESTADÃO CONTEÚDO
PAPA CELEBRA O ÂNGELUS
1 de 1 PAPA CELEBRA O ÂNGELUS - Foto: RICCARDO DE LUCA/AP/ESTADÃO CONTEÚDO

 

Durante a viagem para o Chile, primeira parada de sua sexta viagem à América Latina, o Papa Francisco reconheceu nesta segunda-feira (15/1), que tem medo de que um incidente desencadeie uma guerra nuclear.

“Estamos no limite”, afirmou aos jornalistas que o acompanham a bordo do avião que o leva ao Chile. Ainda nessa semana, o pontífice visitará o Peru. “Sim, realmente tenho medo. Estamos no limite. Basta um incidente para desencadear a guerra. Não se pode correr o risco de que a situação precipite. Portanto, é preciso destruir as armas nucleares”, enfatizou.

Francisco fez os comentários após distribuir aos 70 jornalistas que o acompanham no voo uma foto tirada em Nagasaki (Japão), depois da explosão da bomba atômica em 1945. A foto, cuja legenda é “fruto da guerra”, é a mesma que a assessoria de imprensa do Vaticano publicou poucas horas antes de terminar 2017, e na qual se vê um menino numa fila segurando o corpo de seu irmão morto pela explosão para que possa ser cremado.

“É uma imagem feita pelo fotógrafo americano Joseph Roger O`Donnell depois do bombardeio atômico em Nagasaki. A tristeza do menino se expressa em seus lábios mordidos e cobertos de sangue”, explicou o pontífice.

Tensão
A viagem de Francisco a América Latina ocorre em clima de tensão. Ao menos três igrejas católicas foram atacadas durante a madrugada de sexta-feira (12/1), em Santiago, no Chile, dias antes da visita do líder católico ao país. Os templos foram depredados com explosivos e tiveram suas portas e fachadas quebradas.

Os responsáveis pelos ataques usaram bombas artesanais, que provocaram explosões, e distribuíram panfletos contra a visita do Papa, que estará no Chile entre esta segunda-feira e o próximo dia 18 de janeiro. Depois, seguirá viagem para o Peru até o dia 22. A primeira igreja atacada foi a de Santa Isabel de Hungria, em Estación Central; seguida pela paróquia Emmanuel, em Recoleta, e a Capela Cristo Vencedor.

Gasto público
Também na sexta, um grupo de manifestantes liderado pela ex-candidata à Presidência Roxana Miranda invadiu a sede da nunciatura de Santiago, em protesto contra a viagem do Papa Francisco ao país. “O problema não é a fé, mas sim, os milhões que são gastos com a fé”, disse Miranda, que foi candidata em 2013 pelo Partido Igualdade.

No Twitter, ela criticou que o dinheiro público seja usado para a visita papal. “O dinheiro do fisco vai para Francisco”, postou, junto com um vídeo da invasão.”Em uma democracia, podemos nos expressar, desde que de maneira pacífica e adequada”, disse a presidente Michelle Bachelet, criticando os protestos e chamando-os de “estranhos”.

O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, também condenou os atos. “O ódio e a intolerância não podem se sobrepor ao respeito pelo estado de direito. Vamos receber o Papa Francisco com alegria e paz”.

O Chile prepara uma das maiores operações policiais de sua história para escoltar Jorge Mario Bergoglio. Serão utilizados carros, motos, câmeras aéreas, drones, helicópteros e agentes a pé. Estão previstos 18 mil funcionários de segurança, sendo 9,5 mil somente em Santiago. Francisco, que estudou no Chile, e visitou o Peru como jesuíta, volta ao seu continente natal, a América Latina, outra vez, após passagem pelo Brasil (2013); Equador, Bolívia e Paraguai (2015); México (2016); e Colômbia (2017).

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