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Quem é Viktor Órban, o ultradireitista húngaro apoiado por Bolsonaro

No último dia no leste europeu, Bolsonaro se reuniu com o líder que passará por teste nas eleições de abril

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
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1 de 1 45659223235_b159ac0ebf_c - Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu nesta quinta-feira (17/2) com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, um dos expoentes da extrema-direita na Europa. Em seu país, ele criou e atualmente lidera o Fidesz, um partido nacional-conservador de direita, o maior partido político da Hungria.

Orbán exerce o cargo de primeiro-ministro húngaro desde 2010. Ele já havia comandado o país em outra oportunidade, entre 1998 e 2002. Nesta segunda passagem pelo cargo, Orbán tem sido acusado de levar o país a uma guinada autoritária.

O húngaro de 58 anos é formado em direito pela Universidade Eötvös Loránd, de Budapeste. Na Europa, ele é conhecido por suas visões majoritariamente conservadoras, nacionalistas e anti-imigração.

Em declaração à imprensa nesta quinta ao lado de Bolsonaro, Orbán reforçou críticas ao pacto de imigração proposto pela Comissão Europeia. “Sobre os valores cristãos, gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração não colabora muito para essa questão”, disse.

Imprensa e gays

No período que está no poder, foram apontadas deteriorações em instituições democráticas, em especial a imprensa. Orbán e empresários aliados compraram a maior parte dos veículos de mídia independente, que eram taxadas pelo premiê como propagadoras de fake news.

Orbán também foi acusado de aumentar a tributação para emissoras de TV e cortar anúncios do governo, além de ter adotado medidas para dificultar o acesso a informações públicas.

Em dezembro de 2020, o Parlamento húngaro aprovou uma lei que impede casais do mesmo sexo de adotarem crianças. O casamento gay é proibido no país, que aprovou uma emenda constitucional que define o casamento como uma instituição exclusiva entre homem e mulher. Sob Orbán, a Constituição húngara define que a “mãe é uma mulher e o pai é um homem”.

Após 12 anos como primeiro-ministro, Orbán enfrentará um teste de fogo no próximo mês de abril, quando tentará se reeleger para mais oito anos de mandato. Desta vez, uma aliança de seis partidos da oposição, da esquerda à direita, tenta derrotar o premiê.

Próximo de figuras como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, Orbán é aplaudido por conservadores do mundo todo pela defesa de “valores tradicionais”.

Orbán esteve no Brasil em janeiro de 2019 por ocasião da posse de Bolsonaro como presidente da República. No dia seguinte à cerimônia, ele foi recebido pelo mandatário brasileiro no Palácio do Planalto.

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Orbán também recebeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na Hungria em 2019, quando o filho do presidente brasileiro presidia a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Na reunião desta quinta-feira, os dois líderes mostraram alinhamento em questões político-ideológicas, como a defesa da família e valores cristãos.

Diferentemente de Bolsonaro, porém, Orbán adotou posicionamentos pró-vacina durante a pandemia de Covid-19. Ele, inclusive, tornou a imunização obrigatória para certas categorias profissionais.

Agenda na Hungria

Bolsonaro chegou à Hungria nesta quinta-feira para uma agenda de um dia, depois de ter se reunido com o presidente Putin no Kremlin, sede do governo russo.

O primeiro evento na capital Budapeste foi uma cerimônia em homenagem aos heróis húngaros. Bolsonaro depositou uma coroa de flores na Lápide Memorial. Na sequência, ele teve uma reunião privada com o presidente do país europeu, János Áder.

Com Orbán, foram assinados acordos nas áreas da defesa, ajuda humanitária e recursos hídricos. Após a declaração, Orbán ofereceu um almoço em homenagem a Bolsonaro na Karmelita Kolostor, edifício em que funciona o gabinete do primeiro-ministro.

Depois, Bolsonaro tem uma reunião ampliada com o Presidente da Assembleia Nacional, László Köver. Não estão previstos outros pronunciados e Bolsonaro deve encerrar a passagem pelo leste europeu no fim da tarde desta quinta. A Hungria está quatro horas à frente de Brasília.

A previsão é de que o chefe do Palácio do Planalto desembarque no Brasil na sexta-feira (18/2). Ele seguirá direto para o Rio de Janeiro, onde pretende sobrevoar as áreas atingidas pelas fortes chuvas que mataram mais de 100 pessoas em Petrópolis, Região Serrana do Rio.

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