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Investigados na Lava Jato são citados na “Panama Papers”

Em um trabalho conjunto de 109 veículos jornalísticos em 76 países, cerca de 11,5 milhões de arquivos secretos de líderes mundiais, chefes de Estado e figuras públicas foram expostos

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
eduardo cunha
1 de 1 eduardo cunha - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ na versão inglesa) publicou neste domingo (3/4) o maior vazamento sobre corrupção da história do mundo, com base em 11,5 milhões de arquivos secretos obtidos a partir de documentos de um escritório de advocacia no Panamá. O Panama Papers, como é chamada a série de reportagens que terá muitos desdobramentos a partir de agora, supera o Wikileaks (em 2010).

Entre os 109 veículos e 376 jornalistas que atuaram nessa reportagem mundial, há vários brasileiros. Repórteres do UOL, de O Estado de São Paulo e da Rede TV ajudaram a apurar e a divulgar as milhares de informações colhidas durante mais de um ano de trabalho.

Segundo o UOL, a apuração da Panama Papers se baseia no arquivo do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. As informações foram obtidas pelo jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” e compartilhadas com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Em meio aos citados, há vários nomes de líderes políticos mundiais, empresários e artistas, como os presidentes da Rússia, Vladmir Putin, o da Argentina, Mauricio Macri, o dos Emirados Árabes, Khalifa bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, e o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson.

Também foram mencionados políticos brasileiros, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-deputado João Lyra (PTB-AL) e o senador Edison Lobão (PMDB-MA).

No Brasil

No fim de janeiro deste ano, a Polícia Federal deflagrou a 22ª fase da Operação Lava Jato, cujo alvo foi justamente o escritório de advocacia e consultoria panamenho Mossack Fonseca. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os investigadores suspeitavam que a empresa teria ajudado a esconder a identidade dos verdadeiros donos do tríplex no Guarujá (SP).

Mossack Fonseca criou ao menos 107 offshores (contas e empresas abertas em paraísos fiscais) para pelo menos 57 pessoas ou empresas relacionadas ao escândalo da Petrobras, segundo o jornalista Fernando Rodrigues, do UOL. O blog de Rodrigues afirma que procurou todos os mencionados na reportagem. Parte preferiu não se manifestar. Outros negaram irregularidades.

De acordo com a investigação de Fernando Rodrigues, “a Mossack operou para pelo menos 6 grandes empresas e famílias citadas na Lava Jato, abrindo 16 empresas offshores. Nove delas são novas para a força-tarefa das autoridades brasileiras. As offshores são ligadas à empreiteira Odebrecht e às famílias Mendes Júnior, Schahin, Queiroz Galvão, Feffer (controladora do grupo Suzano) e a Walter Faria, do Grupo Petrópolis”.

Ainda de acordo com Rodrigues, “a força-tarefa da Lava Jato só teve acesso, até agora, aos papeis do escritório brasileiro da firma panamenha”. A reportagem, segundo ele, fez a análise do material global, em dezenas de países.

O blog do Fernando Rodrigues ressalta que ter uma empresa offshore não é ilegal, desde que a empresa seja declarada no Imposto de Renda. “Leia aqui sobre as condições para um brasileiro abrir uma empresa num paraíso fiscal”.

Escândalo mundial

Um dos principais nomes a emergir no Panama Papers é o do presidente russo, Vladimir Putin. Segundo o Guardian, apesar de Putin não aparecer em nenhum dos registros, as investigações revelam que seus amigos Yuri Kovalchuk e Sergei Roldugin ganharam milhões em negócios, que aparentemente não poderiam ter sido efetuados sem o seu patrocínio.

No futebol, há outros nomes citados na investigação. Um deles é Lionel Messi, eleito por cinco vezes o “Bola de Ouro” da Fifa. A reportagem do jornal El Confidencial, da Espanha, diz que “em 13 de junho de 2013, apenas um dia depois de sabido que tinha evadido 4,1 milhões de euros”, Messi e seu pai, Jorge Horacio Messi, “utilizaram um escritório uruguaio para construir uma sociedade panamenha, com a qual teriam continuado faturando seus direitos de imagem pelas costas da Agência Tributária” espanhola.

De acordo com o jornal espanhol Sport, Messi vai se pronunciar sobre o caso nesta segunda (4/4) pela manhã. O jogador, segundo a publicação, apresentará denúncia contra o Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ) e o jornal alemão Süddeutsche Zeitung.

Outros citados nas investigações são o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o ex-presidente da UEFA, Michel Platini, o ator honconguês, Jackie Chan, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.

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