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Contrariando discurso eleitoral, Bolsonaro defende “China única”

A declaração pela unidade do país ocorreu após o encontro dele com o presidente chinês, Xi Jinping, e autoridades locais

atualizado

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Isac Nóbrega/PR
24/10/2019 Conversa com a imprensa brasileira em Pequim
1 de 1 24/10/2019 Conversa com a imprensa brasileira em Pequim - Foto: Isac Nóbrega/PR

Enviada especial a Pequim (China) – Apesar de ter ido a Taiwan durante a campanha eleitoral, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), assumiu nesta sexta-feira (25/10/2019) a posição brasileira pela defesa da “China única” ao presidente chinês, Xi Jinping, durante compromisso oficial.

“Quando passei por Taiwan, eu era apenas um parlamentar de passagem, não foi visita oficial. Mas não houve atrito”, justificou. E esclareceu: “Eu falei ‘China única e Brasil único’”.

O princípio da “China única” é uma politica do governo comunista para barrar separatismos no país. Quando o partido comunista, sob a liderança de Mao Tsé-Tung, tomou o poder em 1949, um grupo liderado pelo nacionalista Chiang Kai-shek, chamado Kuomintang, fugiu da China continental e declarou a ilha de Taiwan um país autônomo. Os comunistas não reconheceram a independência. Situação semelhante ocorre em Hong Kong.

Ao longo dos últimos anos, o governo chinês vem reforçando os apelos para que a comunidade internacional não reconheça esses países, reforçando a narrativa de que existe apenas uma China, ou seja, a “China única”. Como principal parceiro econômico do Brasil, a declaração de Bolsonaro vai ao encontro das expectativas dos interessados em expandir o comércio bilateral.

Ao longo de sua campanha presidencial, Bolsonaro pregou ampliar laços com Taiwan, que não é um país comunista, como a China. No início desta legislatura, parlamentares do PSL que visitaram a China continental foram alvo de duras críticas da chamada “ala ideológica” do partido, liderada pelo professor on-line de filosofia Olavo de Carvalho.

Bolsonaro explicou que declarou apoio porque, quando a França criticou a atuação brasileira  em relação aos incêndios na Amazônia, o embaixador chinês no Brasil “foi claro que a soberania do país [Brasil] deveria ser respeitada”.

O presidente brasileiro cumpriu uma agenda de encontros oficiais com Xi Jinping e autoridades chinesas. Depois disso, o líder chinês ofereceu um jantar a Bolsonaro. Mas o prato principal e a sobremesa tinham peixe — alimento que não é do gosto do presidente.

Ao chegar no hotel, depois do jantar, Bolsonaro disse que foi “muito educado” e não “fez cara feia”. “Mas o miojo me aguarda”, confessou. Quando Xi Jinping estiver no Brasil, na cúpula dos Brics, em novembro, Bolsonaro prometeu um churrasco brasileiro para recebê-lo.

“Vou fazer um grande churrasco. Ele falou que gosta e falou muito da carne brasileira. Espero que ecoe em todos os continentes do mundo. Falou ao lado da Tereza Cristina [ministra da Agricultura], isso não tem preço”.

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