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Mãe escreve carta ao abusador da filha: “Você é livre, ela não”

Como forma de desabafo, a mulher relatou a trauma da filha e a dor se não conseguir ajudá-la

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Uma mulher não identificada publicou uma carta no site do jornal britânico The Guardian endereçada ao homem que sequestrou e abusou da filha dela. O bilhete emocionou e revoltou os internautas.

Como forma de desabafo, a mulher relatou a trauma da filha e a dor se não conseguir ajudá-la. Confira a íntegra do texto.

“Deixe-me falar sobre minha garotinha. Ela tinha 19 anos. Tinha acabado de sair da faculdade e encontrado um emprego. E ele amava. Ela era animada, divertida, compassiva e cheia de vida. Eu estava orgulhosa da mulher que ela tinha se tornado. Mas isso foi antes.

Muitas vezes me pergunto o que se passou por sua mente naquela noite. O que você estava pensando? O que você tinha planejado? Eu sei que você passou o dia olhando pornô online, mas nada além disso. O que se passou pela minha mente? Nada de mais. Tudo estava normal – eu estava pensando no jantar, trabalho, fim de semana.

Quando ela saiu naquela tarde, eu não sabia que seria a última vez que vi aquela versão da minha linda filha. Eu não sabia que você estaria a observando, nem que iria segui-la, a jogaria em seu carro e a agrediria sexualmente.

Ela resistiu e se afastou de você por três vezes. Duas vezes você a pegou de novo. Na terceira vez, ela conseguiu ajuda de um motorista de táxi.
Depois disso, ela não conseguia dormir sem uma luz acesa e teve pesadelos terríveis, acordando aos gritos. Ela não podia mais ser deixada sozinha. Ela não conseguia sair de casa. Perdeu o emprego, ficou deprimida e ansiosa.

Enquanto ela lutou contra você, ela estava lutando pela vida. Pensou que você a mataria. O que mais você teria feito se ela não tivesse escapado? Essa pergunta nos assombra.

Levou dois anos para ela ser diagnosticada com Estresse pós-traumático e obter ajuda especializada. Mesmo assim, ela nunca sai de casa sozinha e não consegue trabalhar.

No julgamento, você se declarou culpado. Você tinha, afinal o ataque foi pego por uma câmera de segurança. Alegar a culpa foi a única chance que você teve de reduzir sua sentença. Não houve remorso, nem desculpas. E por causa de um erro administrativo, você recebeu 18 meses em vez dos quatro anos e meio recomendados. Por conta da confissão de culpa e do tempo que cumpriu em prisão preventiva, você foi libertado após quatro meses.

Você é livre, mas minha filha não. O impacto que você teve na minha família é imenso. Fiquei incapaz de trabalhar por meses, o que, como mãe solteira, foi catastrófico. Nossas finanças despencaram, nosso bem-estar emocional acabou. Minha filha viu suas amigas partirem para a universidade sabendo que não poderia se juntar a elas. Ela nunca será a garota que costumava ser. Você roubou a pessoa que ela era antes e eu sempre vou te odiar por isso.”

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