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Israel x Hamas: guerra entra no 50º dia com trégua; fim não é cogitado

Desde o ataque-surpresa promovido pelo Hamas contra Israel, a guerra acumula mais de 14 mil mortos e um cenário de devastação em Gaza

atualizado

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Ahmad Hasaballah/Getty Images
Imagem colorida mostra cidade de gaza destruída após bombardeios promovidos por Israel - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra cidade de gaza destruída após bombardeios promovidos por Israel - Metrópoles - Foto: Ahmad Hasaballah/Getty Images

Neste sábado (25/11), a guerra entre Israel e o Hamas completa 50 dias. O conflito, que teve como ignição o ataque-surpresa do grupo extremista contra o território israelense, acumula mais de 14 mil mortos, além de uma crise humanitária que recai sobre a população de mais de 2 milhões de pessoas na Faixa de Gaza.

Nesta semana, a guerra entrou em uma nova fase, já que Israel e o Hamas chegaram a um acordo em que é prevista a libertação de 50 reféns e um cessar-fogo de quatro dias. Ainda que represente a primeira interrupção em dias de seguidas ofensivas, a guerra não dá sinais de acabar. Especialistas consultados pelo Metrópoles avaliam que o conflito não deve arrefecer, pelo menos no curto prazo.

Após fechar o acordo, nesta semana, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou a trégua em troca dos reféns como uma decisão difícil, mas necessária. Ele tem reiterado, porém, que a guerra não acabou e que só terá fim quando o país cumprir suas metas: libertar todos os reféns mantidos em Gaza, destruir o Hamas e garantir que nenhum grupo ameace a existência de Israel.

Luciano Muñoz, professor de relações internacionais do Centro Universitário de Brasília (Ceub), avalia que Israel tem conseguido cumprir os objetivos militares que propôs, uma vez que empreendeu diversos ataques a Gaza, enquanto o Hamas não conseguiu responder na mesma medida. Ele, porém, não vê, ao menos no curto prazo, um horizonte de pacificação.

Segundo o docente, a falta de perspectiva se deve a Israel ter deixado claro que tem como principal objetivo destruir o Hamas. Assim, não há projeção para uma negociação ou rendição condicional do grupo, ao menos por enquanto. “Ou seja, para Israel, o Hamas não pode mais governar a Faixa de Gaza, e a capacidade ofensiva do grupo não foi completamente destruída”, explica.

Luciano ainda considera que, embora o conflito entre Israel e Hamas seja antigo, a atual guerra pode ser decisiva. Um cenário posterior a uma derrota do Hamas é incerto. Ele, entretanto, vê três possibilidades: Israel passa a ocupar a Faixa de Gaza; o Fatah, partido palestino que governa a Cisjordânia, assume o comando da região; ou a Faixa de Gaza passa a ser administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Trégua

O primeiro grupo de reféns em poder do Hamas foi libertado às 11h dessa sexta-feira (24/11): 24 pessoas ganharam a liberdade. Dessas, 13 são mulheres e crianças israelenses, como acordado na trégua de quatro dias entre o grupo extremista e Israel, além de 10 tailandeses e um filipino, que deixaram o cativeiro após negociações com os governos de seus países.

O professor do Ceub considera que a trégua combinada entre Israel e Hamas, ainda que represente um alívio para as famílias dos reféns, não deve resultar na interrupção da guerra.

Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (FGV NPII), analisa que o movimento ocorreu mais por pressões internas do que da comunidade internacional, já que a oposição propôs recentemente a substituição de Netanyahu. “A pressão internacional não ia derrubar o Netanyahu, mas, quando ele viu internamente que poderia ser derrubado, em dois dias, ele conseguiu firmar esse acordo com o Hamas”, destaca.

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A pressão da comunidade internacional citada pelo especialista partiu de diversos atores. No início do mês, por exemplo, os ministros das Relações Exteriores dos países que formam o G7 intercederam por pausas humanitárias no conflito. O objetivo da medida era possibilitar a entrada de ajuda no território palestino, a movimentação civil e a libertação de reféns.

O Conselho de Segurança da ONU, em 15 de novembro, aprovou resolução que pedia a adoção de pausas humanitárias urgentes e a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas. Anteriormente, em 27 de outubro, a Assembleia Geral da ONU havia aprovado medida com caráter recomendatório que pedia uma trégua no conflito. Ambas não foram adotadas.

Além disso, a pressão partiu do principal aliado de Israel, os Estados Unidos. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou a afirmar que “morreram palestinos demais” no conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas. “Muitos sofreram nas últimas semanas”, disse a jornalistas, na Índia.

Ápice do conflito

Leonardo Paz avalia que o conflito não é recente, mas que chegou ao ápice. “O ataque terrorista do Hamas em Israel foi algo completamente sem precedentes, de uma violência muito impressionante. Então, é de se esperar que Israel vá fazer uma resposta sem precedentes”, diz.

O pesquisador entende que, embora Israel mire a destruição do Hamas, essa capacidade é limitada. Ele exemplifica com a tentativa de os EUA destruir a Al-Qaeda, objetivo que não foi alcançado devido à organização desse tipo de grupo, tendo conseguido apenas fragilização e desarticulação.

“O que está em jogo, na realidade, mais do que Israel conseguir diminuir drasticamente a capacidade do Hamas de operar, é o status de Gaza. Israel está neste momento com bombardeios tornando Gaza basicamente inabitável, uma destruição completa”, ressalta.

“Talvez esse seja o grande salto do conflito: mais do que derrubar o Hamas, [trata-se] o quanto que Israel vai conseguir reduzir Gaza enquanto uma região onde moram palestinos”, acrescenta.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, informou, nessa quinta (23/11), que os “combates intensos” devem durar pelo menos mais dois meses, após a trégua para a libertação de reféns.

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