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Na 1ª semana, PIX supera transações diárias por DOC e deve alcançar TED

Segundo Banco Central, valor médio das transações indica confiança do usuário no novo modelo de pagamento eletrônico

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
O Banco Central apresentou como será a cédula
1 de 1 O Banco Central apresentou como será a cédula - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Na véspera de completar uma semana de operação, o PIX já começa a dar sinais de que caiu no gosto dos usuários e que deve disputar espaço com os modelos tradicionais de transações eletrônicas e transferências bancárias. Em um balanço dos primeiros dias de uso, o Banco Central demonstra otimismo com o sistema e projeta criação de novas ferramentas operacionais já para 2021.

Em entrevista ao Metrópoles, o chefe de subunidade do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro, Breno Santana Lobo, afirma que a primeira semana de operação superou as expectativas do BC.

“A avaliação que a gente faz é bem positiva, os participantes estão transacionando, mesmo que ainda haja muita transação sendo feita em teste, por curiosidade. O tíquete médio da transação indica que realmente estão migrando, aderindo ao PIX”, avalia.

Segundo Lobo, os números computados até esta segunda-feira (23/11) indicam que o PIX, em sua primeira semana, já ultrapassou o montante de transações diárias por DOC (Documento de Ordem de Crédito). “São números bem expressivos, o número de transações que tivemos já é maior que o número diário de DOCs. Ficamos surpresos, achamos que demoraria um pouco mais para chegar no nível, mas foi uma surpresa muito bem-vinda.”

O próximo passo, de acordo com Breno, é se igualar às operações via Transferência Eletrônica Disponível (TED). “A TED ainda está vem acima, por ser mais tradicional e por ter vindo para substituir o DOC. Mas, nesse ritmo, não vai demorar muito tempo para alcançar o número de transações por TED”, projeta.

Desde que foi implementado, o PIX já registrou quase 80 milhões de chaves –  18,8 milhões criadas usando o celular. Mais de 76,4 milhões de acessos ocorre entre pessoas físicas. Já os valores movimentados na primeira semana ultrapassaram os R$ 65 milhões.

Os dados mais recentes são da última quinta-feira (19/11). O BC divulgará, nesta terça (24/11), números mais atualizados da primeira semana de operação.

Adesão e agenda

Apesar da euforia com os bons resultados dos primeiros dias de operação do PIX, o Banco Central adota cautela com os próximos meses, que serão de manutenção e estabilização do sistema.

“É um novo sistema, estamos com alguns problemas pontuais com algumas instituições, um ou outro participante também com problemas pontuais, mas estamos orientando-os a resolver e está tudo caminhando bem.”

“Nossa agenda de trabalho ainda não visa desenvolver nada novo este ano, trabalharemos pela estabilização. Queremos melhorar os índices, nosso foco é na interação com os participantes. A partir do ano que vem, queremos desenvolver novas ferramentas dentro do PIX. Mas isso é algo mais para o decorrer de 2021 e 2022”, completa.

A instituição planeja novas funcionalidades e serviços a serem implementados na já a partir de 2021. A tendência é de que no próximo ano entre em vigor a possibilidade de realizar transferências de dinheiro de forma off-line pelo celular, além de desfrutar das seguintes opções: pagamento por aproximação, pagamento programado de financiamento de crédito e saque no varejo (serviço conhecido como “cashback“).

Os projetos incluem, também, a possibilidade de o usuário efetuar pagamento de contas de luz, água e quitar boletos pelo novo sistema de transferências.

Outro aspecto positivo observado pelo BC ao longo desta primeira semana foi a rápida adesão dos bancos à modalidade. “Estão enxergando o PIX como potencial competitivo muito grande, até por enxergarem no PIX um fator de redução de custos, pois estamos falando de custos de processamento muito inferiores aos atuais meios disponíveis”, completa Breno.

Ele projeta que o novo sistema reduza, nos próximos meses, o montante de operações financeiras realizadas através de dinheiro em espécie.

“Não divulgamos metas, mas sabemos que 68% das transações no Brasil ainda são feitas em dinheiro de espécie, e o PIX vem para reduzir esse percentual”, afirma. Segundo o servidor, essa substituição ainda deve demorar mais alguns anos.

Segurança

A desconfiança com a segurança do novo sistema de pagamento eletrônico ainda é um dos fatores que atrasa uma maior adesão. Com medo de eventuais fraudes, muitos usuários estão relutantes em usar o PIX em transações maiores.

À reportagem, Lobo reafirmou que o novo sistema é seguro e não há razão para temor dos usuários. “As pessoas podem ter a certeza de que é um meio extremamente seguro. Usamos várias ferramentas que tornam a operação segura, como mecanismos de autenticação, a robustez da rede em que o PIX está operando, local de armazenamento de dados, criptografia, controle de compra, análise antifraude mais robusta entre outras”, defende.

A quantidade de comunicações de tentativas de fraude usando o PIX como pretexto foi fator que surpreendeu negativamente nesta primeira semana. A maior parte de investidas criminosas comunicadas ao BC envolve criminosos se passando por gerentes de bancos para roubar dados bancários dos usuários.

Outra modalidade recorrente são os chamados phishings – sites ou aplicativos falsos criados para “pescar” dados de clientes. “Até por este motivo a gente reforça que os usuários não compartilhem suas senhas. A chave do PIX pode e deve ser compartilhada, mas jamais compartilhem a senha ou acessem links duvidosos”, lembra Breno.

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