Com medo de catástrofe em usina nuclear, ucranianos pedem cessar-fogo
O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, alertou que o incêndio na usina pode causar uma tragédia 10 vezes maior que o acidente em Chernobyl
atualizado
Compartilhar notícia
Alvo de um bombardeio russo, a usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, pode causar uma tragédia 10 vezes maior que o acidente em Chernobyl, em 1986 – até então a maior catástrofe do tipo –, segundo alertou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba. A central foi bombardeada pelo Exército russo na noite desta quinta-feira (3/3), pelo horário de Brasília.
Dmytro Kuleba divulgou um aviso com os riscos. O comprometimento do resfriamento dos reatores pode desencadear a explosão. Essa é a maior usina nuclear da Europa, e a Ucrânia pediu que a Rússia abra um cessar-fogo.
“O Exército russo está atirando de todos os lados contra a central. Os russos devem cessar imediatamente o ataque, permitir [a entrada dos] bombeiros e estabelecer uma zona de segurança”, escreveu.
Veja:
Russian army is firing from all sides upon Zaporizhzhia NPP, the largest nuclear power plant in Europe. Fire has already broke out. If it blows up, it will be 10 times larger than Chornobyl! Russians must IMMEDIATELY cease the fire, allow firefighters, establish a security zone!
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 4, 2022
A Casa Branca informou, por voltas das 23h35 desta quinta-feira, pelo horário de Brasília, que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o mandatário ucraniano, Volodymyr, Zelensky, sobre o incêndio na usina nuclear. Biden defendeu um cessar-fogo para evitar uma tragédia com radiação.
O desastre de Chernobyl, o maior da história, ocorreu em abril de 1986, ainda na extinta União Soviética. Um reator explodiu após uma falha num teste de segurança. Ao todo, 30 pessoas morreram na hora. Depois, o governo criou uma zona de exclusão de 4 mil quilômetros na região.
O Serviço de Emergência da Ucrânia informou que o incêndio na usina de Zaporizhzhia começou em um prédio próximo. O local serve de apoio aos funcionários. O fogo teria se alastrado para o perímetro da central nuclear.
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) monitora o incêndio com preocupação e classificou o risco de explosão como “grave situação”.
“[A agência] apela para a suspensão do uso da força e alerta para um grave perigo”, publicou o perfil oficial do órgão no Twitter, que já está em contato com as autoridades ucranianas.
Um funcionário do governo ucraniano disse à agência internacional de notícias Associated Press que os níveis de radiação no local e nas redondezas estão aumentando em torno de 25% em relação às condições comuns.
IAEA Director General @RafaelMGrossi speaks with #Ukraine PM Denys Shmygal and with Ukrainian nuclear regulator and operator about serious situation at #Zaporizhzhia Nuclear Power Plant, appeals for halt of use of force and warns of severe danger if reactors hit.
— IAEA – International Atomic Energy Agency (@iaeaorg) March 4, 2022
Em entrevista a uma TV ucraniana, o diretor da Usina de Zaporizhia disse que os níveis de radiação do local estão controlados e dentro dos limites. Andrey Tuz, porta-voz da usina nuclear de Zaporizhzhya, informou que o bombardeio parou por enquanto, mas a situação é extremamente incerta. “Eles bombardearam tudo o que podiam, incluindo blocos e tudo mais”, afirmou.
A agência de notícias russa RIA nega que a radiação tenha aumentado. Segundo o órgão, a situação é de normalidade no local.
A usina de Zaporizhzhia foi cercada nessa quarta-feira (2/3). Tropas russas ocuparam o local e tomaram o controle da central nuclear.
O assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Herashchenko, durante a tarde desta quinta-feira, pelo horário de Brasília, alertou que a segurança da usina estava comprometida.
Ataques
As tropas russas estão avançando de forma vertiginosa no território ucraniano. Os balanços apresentados pelos dois países dão dimensão de como as cidades estão sendo invadidas e bombardeadas pelos militares.
Em apenas um dia, as cidades sitiadas por tropas da Rússia subiram de 16 para 26. Os soldados de Vladimir Putin miram em províncias estratégicas e alvos que, se destruídos, causam grande impacto. Civis são alvo das tropas e tentam impedir a aproximação dos soldados com barricadas, como em Lviv.
A Ucrânia vive o oitavo dia de bombardeios. Um nova tentativa de cessar-fogo nesta quinta-feira fracassou. Representantes russos e ucranianos se reunirão pela terceira vez nesta sexta-feira (4/3).