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Ciro Gomes vê possibilidade de Bolsonaro renunciar ao mandato

Declaração foi dada em palestra nos Estados Unidos, na qual estavam presentes o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, e Henrique Meirelles

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Vinícius Santa Rosa/Especial para o Metrópoles
Ciro Gomes (PDT) em lançamento de sua pré-candidatura à presidência. Ele aparece sério, secando a testa com um pano, de terno em meio ao público - Metrópoles
1 de 1 Ciro Gomes (PDT) em lançamento de sua pré-candidatura à presidência. Ele aparece sério, secando a testa com um pano, de terno em meio ao público - Metrópoles - Foto: Vinícius Santa Rosa/Especial para o Metrópoles

Boston (EUA) – Ex-candidato ao Palácio do Planalto pelo PDT, Ciro Gomes disse, nesta sexta-feira (5/4), que vê o risco de renúncia do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A declaração foi dada pelo pedetista ao fazer uma avaliação dos primeiros 100 dias do governo, em palestra na Brazil Conference, em Boston, Estados Unidos.

“Os próximos quatro anos serão de muita confusão, talvez secundados por uma renúncia. Não vejo risco de golpe. [Bolsonaro] Tem mais cara de Jânio Quadros [presidente que renunciou em 1961]. Quando começar a deslindar milícia, lavagem de dinheiro, é muito provável que se interrompa isso [o mandato], mas dentro das instituições”, avaliou Ciro, para uma plateia formada, principalmente, por estudantes brasileiros das universidades Harvard e Massachussets Institute of Technology (MIT).

Ao lado dele no debate, estavam outros dois ex-candidatos a presidente em 2018: Geraldo Alckmim (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB). Ciro foi o que fez as críticas mais duras ao governo e chegou a chamar Bolsonaro de “idiota” e “imbecil”. Alckmin também criticou o presidente, sobretudo na forma de se relacionar com o Congresso. Meirelles preferiu falar da necessidade de aprovar a reforma da Previdência.

Ciro Gomes disse que é preciso equacionar o déficit da Previdência, mas que o PDT vai votar contra a proposta de reforma enviada pelo governo, por considerá-la injusta com várias categorias, como mulheres trabalhadoras rurais, policiais e professores.

O pedetista afirmou ainda que o projeto da reforma está “cheio de pegadinhas”. Uma delas, comentou, é a possibilidade de retirar da Constituição a idade de aposentadoria dos servidores públicos, entre eles, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A alteração da idade passaria a ser feita por lei, mais fácil de aprovar do que uma emenda constitucional. Dessa forma, o governo poderia reduzir a idade máxima de atividade dos ministros, para que se aposentem mais cedo e o presidente pudesse nomear ministros comprometidos com suas ideias. “Se conseguir aprovar isso, o Bolsonaro vai poder nomear até seis ministros”, disse Ciro Gomes.

Jabuti
Geraldo Alckmim se referiu a essa parte da proposta como “um jabuti” e também questionou o peso da reforma sobre o trabalhador da iniciativa privada. De acordo com números de um estudo citado por ele, o déficit na Previdência da grande maioria dos trabalhadores, que recebem pelo INSS, é de R$ 4,6 mil per capita ao ano.

Já o rombo nas aposentadorias dos funcionários do setor público, acrescentou, é de R$ 65 mil per capita/ano; enquanto o déficit no sistema de aposentadoria dos militares é de R$ 125 mil per capita/ano. “Vai fazer uma reforma só em cima do trabalhador pobre do INSS?”, questionou o tucano, que foi aplaudido nesse momento. Entretanto, Alckmin, que é presidente do PSDB, disse que considera a reforma necessária, sobretudo para fixar uma idade mínima para a aposentadoria mais alta que a atual.

O ex-governador de São Paulo, que se reuniu nesta semana com Jair Bolsonaro, criticou a relação do presidente com o Congresso. Disse que foi um erro o governo tentar se articular por meio de bancadas, e não por meio dos partidos.

“Não vamos fazer parte do governo nem da base, mas vamos votar os projetos de interesse do país. No entanto, estamos discutindo se o nazismo é de esquerda ou de direita, se foi golpe ou não. Não tem velha politica. Tem boa e má política. Temos que recuperar a politica, é ela que vai fazer a economia andar”, disse Alckmin, referindo-se ao termo usado por Bolsonaro – “velha política” – para dizer que não fará “toma lá, dá cá” com as legendas que têm voto no Congresso.

Política externa
Alckmin e Ciro Gomes também criticaram a política externa de Bolsonaro. “Totalmente errática, entrando de maneira caudatária na política de Trump [presidente dos Estados Unidos] e criando atrito com o mundo árabe”, disse o ex-governador paulista.  “Vassalagem vergonhosa ao Trump”, endossou Ciro, sendo aplaudido.

Conhecido pelo linguajar mais contundente, Ciro disse que “o Brasil optou por um idiota”. “Comemorar [o golpe de] 64? Generais que eu conheço estão horrorizados. Para que isso? Nem os generais querem. Isso tem 55 anos. Nós temos um imbecil no comando de uma das maiores nações do mundo.”

Os ex-candidatos foram questionados se veem uma ameaça à democracia no país. Os três disseram que não. Mas Ciro foi além e atacou o PT, seu adversário na campanha. “Esse negócio de ameaça à democracia foi o PT que inventou no segundo turno.” O ex-candidato admitiu, porém, que “a qualidade da democracia no Brasil está se deteriorando”.

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