O presidente da Polônia, Andrzej Duda, foi vítima de um trote telefônico e conversou por mais de sete minutos sobre o ataque com míssil no país com alguém que se fez passar pelo presidente da França, Emmanuel Macron. A informação foi divulgada nesta terça-feira (22/11) pelo gabinete do presidente nas redes sociais.
Esta manhã, uma gravação da chamada telefônica foi postada on-line. Posteriormente, o gabinete de Duda divulgou um comunicado, informando que uma ligação falsa havia chegado ao presidente, mas sem confirmar ou desmentir diretamente a veracidade do material publicado.
“Após a explosão do foguete em Przewodów, durante as ligações em andamento com chefes de Estado e de governo, uma pessoa que afirma ser o presidente francês Emmanuel Macron foi conectada”, diz o anúncio.
Segundo o gabinete, Duda suspeitou que se tratava de um trote por conta da “maneira inusitada de conduzir a conversa” por parte da pessoa do outro lado da linha e, ao indentificar que poderia ter ocorrido uma fraude, encerrou a chamada.
Po eksplozji rakiety w Przewodowie, w czasie trwających łączeń z głowami państw i szefów rządów doszło do połączenia z osobą podającą się za Prezydenta Francji Emmanuela Macrona. 1/2
— Kancelaria Prezydenta (@prezydentpl) November 22, 2022
Dois comediantes russos, Vovan e Lexus, conhecidos por passarem trotes para líderes mundiais, assumiram a autoria da ligação.
Polônia confirma a morte de 2 cidadãos atingidos por míssil russo
O que foi dito na chamada
Na gravação publicada, é possível ouvir Duda agradecendo ao suposto Macron pela ligação e informando que “não havia dúvida” de que um míssil havia causado uma explosão em território polonês na última terça-feira (15/11).
No entanto, ele acrescentou que, embora o míssil tenha sido “produzido na Rússia”, ele teria sido “lançado em algum lugar no leste… não sabemos por quem”. Em outro momento da ligação, o chefe de Estado polonês observou que tanto Kiev quanto Moscou usam mísseis produzidos pela Rússia.
Duda disse ainda que já havia conversado com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, avisando-o sobre a possibilidade de a Polônia invocar o artigo 4º do Tratado da Otan em resposta ao incidente.
O gabinete do presidente da Polônia havia confirmado anteriormente que a ligação com Stoltenberg ocorreu por volta das 22h do dia do ataque com míssil, e a de Biden, logo depois.
“Emmanuel, você acha que eu quero entrar em guerra com a Rússia?” perguntou Duda. “Não! Acredite em mim, não quero entrar em guerra com a Rússia e, acredite, sou extremamente cuidadoso. Extremamente cuidadoso. Estou falando apenas do artigo 4º, não do artigo 5º”, afirmou.
O trecho do tratado em questão permite que os membros da Otan tragam qualquer questão preocupante, especialmente em relação à segurança, para discussão no Conselho do Atlântico Norte. O artigo 5º, por sua vez, garante o chamado princípio da defesa coletiva — ou seja, proteção militar a qualquer integrante do bloco.
Questionado sobre o que faria se o míssil fosse russo, Duda disse: “Vamos conversar com nossos aliados, com vocês, com o presidente Biden, e acho que teremos de encontrar uma solução comum”.
Ataque com míssil
O Ministério das Relações Exteriores da Polônia confirmou, na terça-feira (15/11), que um míssil de fabricação russa caiu em seu território e matou dois cidadãos poloneses.
Segundo o comunicado, o projétil atingiu a aldeia de Przewodów, na província de Lubelskie, que faz fronteira com a Ucrânia. O caso ocorreu durante um “bombardeio maciço” ao território ucraniano.
Ainda de acordo com a nota, o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Zbigniew Rau, convocou imediatamente o embaixador da Rússia para prestar esclarecimentos.