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“Abatedouro humano” matou 21 mil pessoas na Síria desde 2011

Um relatório publicado nesta terça (7/2) pela ONG Anistia Internacional denuncia uma “política de extermínio” do regime de Bashar Al Assad

atualizado

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gás síria estado islâmico
1 de 1 gás síria estado islâmico - Foto: Youtube/Reprodução

O governo da Síria é acusado pela organização não-governamental (ONG) Anistia Internacional de ter enforcado 21 mil pessoas na guerra civil do país, entre 2011 e 2015, em uma prisão perto de Damasco e na cidade de Aleppo. Um relatório publicado nesta terça-feira (7/2) denuncia uma “política de extermínio” do regime de Bashar Al Assad.

Chamado “Abatedouro humano: enforcamentos e extermínio em massa na prisão de Saydnaya”, o relatório se baseia em entrevistas com 84 testemunhas dos violentos incidentes no local, entre guardas, ex-detentos e juízes. A ONG de direitos humanos não foi autorizada pelo governo sírio a entrar no país para investigar as denúncias.

O documento mostra que, pelo menos uma vez por semana, entre 2011 e 2015, grupos de até 50 pessoas eram retirados de suas celas para processos arbitrários, “em plena noite, em segredo absoluto”. Depois de espancados, eram enforcados. O texto relata que ao longo de todo o processo, os detentos “têm os olhos vendados, não sabem nem quando, nem como vão morrer, até que amarram uma corda no pescoço deles”.

Um antigo juiz, que assistiu às execuções, conta que as pessoas ficavam enforcadas “de 10 a 15 minutos”. A maioria das vítimas era de civis, opositores ao regime do presidente Bashar Al Assad, ressalta a Anistia Internacional. Os corpos teriam sido jogados em valas comuns, em terrenos militares, perto de Damasco.

Crimes contra a humanidade
No relatório, a organização faz um apelo para que a Organização das Nações Unidas (ONU) faça uma investigação para punir o que classifica como “crimes de guerra e contra a humanidade”. A Anistia Internacional considera que esses abusos ocorrem até os dias de hoje.

Milhares de prisioneiros continuam detidos no presídio militar de Saydnaya, um dos centros de detenção mais importantes do país, que fica a 30 quilômetros ao norte de Damasco. Além de uma “política de extermínio”, a ONG acusa o governo sírio de torturar os presos regularmente, privando-os de água, de alimentos e de cuidados médicos

Desde o início da guerra na Síria em 2011, mais de 310 mil pessoas morreram e milhões tiveram de deixar suas casas.

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