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Apesar do sucesso olímpico, o skate ainda continua sendo marginal

Para alguns skatistas, o que foi mostrado em Tóquio está muito distante da realidade do dia a dia

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1 de 1 Sem Título-1 copiar - Foto: Arte Metrópoles/Gaspar Nóbrega/COB

O público vibrou, se encantou e conheceu um pouco mais sobre o mundo do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Foram muitos os que ficaram acordados durante algumas madrugadas para assistir as conquistas de Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros – além de torcer pelo rolê de todo time Brasil.

Mas o que foi visto nas Olímpiadas é apenas a ponta do iceberg dessa contracultura – e novo xodó olímpico -, considerado um estilo de vida para muitos.

“Skatista” parece ser um termo muito forte para alguém que apenas usou o skate como meio de locomoção por alguns anos. Mas os contatos feitos durante esse período ajudaram a entender que o esporte que encantou o país não é apenas o mostrado na televisão.

Fora das pistas de Tóquio existe um outro mundo. O dos perrengues, de preconceitos, falta de investimento e muita correria.

“No Brasil preferem construir uma praça com uma quadra de futebol do que uma pista de skate”, diz Filipe Barbosa, skatista candango.

Segundo dados do governo federal, no último ciclo olímpico, 65 skatistas receberam auxílio financeiro por meio do programa Bolsa Atleta, que teve um investimento total de R$ 3,2 milhões. Isso em um país que já contava com mais de 8,4 milhões de skatistas em 2015, segundo a última pesquisa que a Confederação Brasileira de Skate (CBSK) encomendou ao Datafolha.

“Atualmente pode se contar em duas mãos os skatistas que vivem do skate no Brasil. Mas eu falo dos skatistas assalariados, que ganham dinheiro apenas parada andarem de skate”, explica Filipe, que vive na pele o “lado b” da nova modalidade olímpica que conquistou o público.

Correndo pequenos campeonatos amadores desde muito novo, Filipe já chegou a participar de eventos grandes , com maior investimento e estrutura, como a etapa de 2019 do Oi STU Qualifying Series, que somava pontos para o ranking brasileiro na modalidade Park.

Mas a realidade fora da televisão e do espetáculo olímpico parece ser difícil até mesmo para quem consegue vencer. “Já passei alguns bocados… Mas um marcante foi quando ganhei um campeonato em São Paulo. O evento acabou umas 22h. Fui para a rodoviária e só tinha ônibus para às 9h da manhã. Acabei tendo que dormir lá mesmo, sem cobertor, com um olho aberto e o outro fechado. E ainda esperando amanhecer para encontrar algum comércio aberto para comer alguma coisa, porque estava tudo fechado”, conta.

Para alguns, a estreia do skate nas Olímpiadas foi uma oportunidade de apresentar a cultura ao mundo. Já outros, demonstraram certa preocupação, principalmente em relação aos valores do skate.

Na final do street feminino, por exemplo, parte da internet se uniu para torcer por Rayssa Leal, desejando que outras skatistas errassem suas manobras e caíssem. Algo que, na vivência do skate não existe.

“As competições, no meu ponto de vista, não definem quem é melhor ou pior, até porque é muito difícil dar notas ao modo como você se expressa. Para mim, e acredito que a grande maioria também enxerga assim, a ‘competição’ é como uma festa, onde a intenção maior é a diversão. Vibrar junto com o outro quando acerta uma manobra, sem essa de melhor ou pior”, afirma o skatista Tauan Torres.

 

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Ainda que Rayssa Leal tenha provado que contos de fada podem existir no skate – e impulsionado a modalidade no país – o mundo fora da competição olímpica ainda parece ser duro para muitos.

Uma realidade onde, segundo eles, skatista não significa orgulho para o país. “Mesmo com as olimpíadas, muitas pessoas ainda olham torto. Seguranças seguindo no mercado, abordagem policial, entre várias outras situações”, finaliza Filipe Barbosa.

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