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Zico não obtém apoio de cinco federações e deixa eleição da Fifa

Termina nesta terça-feira o prazo de inscrição para os candidatos ao pleito

atualizado

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Estadão Conteúdo
Zico
1 de 1 Zico - Foto: Estadão Conteúdo

Zico abandonou a corrida pela eleição na Fifa. Sem o apoio do Brasil, o ex-jogador não conseguiu as cinco cartas de recomendação para que tivesse sua candidatura chancelada para a presidência da entidade máxima do futebol. Termina nesta terça-feira o prazo de inscrição para os candidatos ao pleito.

“Não foi possível conseguir as cinco cartas”, disse o ex-jogador em declarações à Rádio Globo. Segundo ele, sua campanha chegou a ter seis promessas de apoio. “Mas houve uma reviravolta”, disse, em uma referência aos novos nomes que surgiram nos últimos dias.

Zico, porém, acha que as semanas de campanha foram suficientes para que ele desse seu recado. “Queremos mais transparência”, afirmou o ídolo do Flamengo e da seleção brasileira. Ele, porém, alertou que não vê entre os nomes dos oito candidatos nenhum que possa “representar algo novo”.

Para participar da eleição, cada candidato precisava de cinco apoios, entre as 209 federações. O sistema foi criado ainda por Joseph Blatter para impedir que nomes de fora da Fifa se apresentassem e, em diversos casos, a estratégia funcionou já que dezenas de federações temem ser punidas por dar apoio a verdadeiros opositores do sistema.

Zico, com um discurso que pedia uma reforma completa do futebol, acabou sendo vítima desse sistema que impede que a estrutura de poder seja questionada por um nome independente. Para ele, as regras impedem qualquer oposição real.

O ex-jogador não obteve apoio do Brasil e nem da Conmebol. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, apenas prometeu que daria um último apoio se Zico aparecesse com quatro cartas de outros países. Mas ele conseguiu apenas três.

NOMES – No total, serão oito os candidatos para suceder a Joseph Blatter nas eleições marcadas para o dia 26 de fevereiro. O grande favorito, Michel Platini, foi suspenso do futebol por 90 dias diante de suspeitas por conta de um pagamento de US$ 2 milhões entre Blatter e ele. Enquanto seu processo não for julgado, ele não pode fazer campanha.

Com Platini no limbo, a corrida está aberta e críticos da Fifa chegaram a alertar que o afastamento do francês foi uma estratégia de Blatter para criar um caos nas eleições e até impedir que ela ocorresse. Seu plano, ao anunciar que renunciaria em junho, era de minar todos os potenciais nomes e mostrar que apenas ele poderia fazer a reforma necessária na entidade. Mas seus planos desmoronaram quando a Justiça suíça abriu investigações contra ele por gestão desleal e apropriação indevida de recursos.

Um dos nomes de maior influência passou a ser o do xeque Salman Al Khalifa, do Bahrein, presidente da Confederação Asiática de Futebol e até semana passada uma aliado incondicional de Platini. Com a capacidade de reunir dezenas de votos e um amplo cofre para financiar sua campanha, o xeque é um dos nomes mais fortes. Mas seu envolvimento na repressão contra dissidentes no Bahrein e a prisão de 150 esportistas e técnicos por participar de protestos por maior democracia o colocaram em uma lista negra entre entidades de direitos humanos.

O limbo vivido por Platini ainda obrigou a Uefa a lançar seu secretário-geral, o suíço Gianni Infantino, na corrida. Braço direito do francês por seis anos, foi ele quem tocou o dia a dia da Uefa na maior explosão de renda da entidade. Nesta segunda, a Uefa o classificou de “administrador de primeira linha” e de o homem “ideal” para fazer as reformas na Fifa.

Nas duas últimas semanas, porém, Infantino esteve em duas ocasiões em Doha, sede do escritório do xeque. Ambos poderiam fechar em uma candidatura única, com Infantino como secretário-geral da Fifa.

Ainda assim, seu nome é associado ao poder da Uefa, algo que nomes de diversas partes do mundo querem evitar. Um deles é o sul-africano Tokyo Sexwale, ex-prisioneiro da Ilha de Robin ao lado de Nelson Mandela. Sua promessa é a de garantir que a Fifa não seja dominada pelos interesses europeus. Outro africano é Musa Bility, da Libéria, mas que não tem sequer o apoio de todos seu continente.

O príncipe Ali Bin Hussein, da Jordânia, é outro que se apresenta como alguém que estaria disposto a reformar a Fifa. Ele já havia sido apoiado pela Europa em maio nas eleições. Mas foi derrotado por Blatter.

Quem também assegurou sua candidatura é David Nakhid, ex-jogador de Trinidad e Tobago e visto como um “laranja” de Jack Warner, o ex-cartola do país caribenho e acusado de corrupção.

Por fim, o ex-diplomata francês Jerome Champagne também está na corrida. Único a apresentar de fato um plano de governo para reformar a Fifa, ele se beneficia de amplo conhecimento dos bastidores do futebol e atuou por anos por assessor da Fifa. Seus críticos, porém, o acusam de ser um “homem de Blatter”, algo que ele nega.

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