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Coronel Nunes diz desconhecer Medvedev após ver jogo a 5 cadeiras dele

Presidente da CBF sequer notou a presença do primeiro-ministro russo no Estádio Spartak, onde o Brasil venceu a Sérvia nesta quarta (27/6)

atualizado

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Matthias Hangst/Getty Images
Swimming – 16th FINA World Championships: Day Sixteen
1 de 1 Swimming – 16th FINA World Championships: Day Sixteen - Foto: Matthias Hangst/Getty Images
O presidente da CBF, coronel Antônio Nunes, estava cinco cadeiras de distância do primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Medvedev, um dos homens mais poderosos do país e que, com sua presença no Estádio Spartak, em Moscou, prestou homenagem ao Brasil. Mas, um dia depois de acompanhar a vitória da Seleção Brasileira no camarote oficial da arena, o dirigente afirmou desconhecer o político russo.

Nunes disse que sequer sabia da presença da autoridade no jogo. “Quem?”, perguntou Nunes ao seu questionado pela reportagem se havia trocado palavras com o chefe de governo russo. “Falei é com o embaixador do Brasil”, acrescentou

Ao chegar ao estádio, na quarta-feira (27/6), o coronel foi colocado longe do presidente da Fifa, Gianni Infantino. Apesar disso, Nunes deveria se sentar ao lado do cartola máximo do futebol, conforme estabelece o protocolo da Fifa em jogos da Copa do Mundo. Em seu lugar, foi estabelecido que o representante brasileiro seria Fernando Sarney, vice-presidente da CBF e integrante do Conselho da Fifa.

Assim, com Sarney de um lado e Medvedev de outro, o presidente da Fifa não teve qualquer necessidade de manter contatos com Nunes. Coube ao vice a interlocução com o premiê russo. Os dois falaram de futebol e até mesmo de alguns jogadores.

Medvedev foi presidente russo entre 2008 e 2012, se alternando no poder com Vladimir Putin, seu aliado. Mas Nunes ainda teve de ceder mais um lugar para Alejandro Domingues, presidente da Conmebol. Só então é que o brasileiro encontrou seu assento.

Nunes, que era considerado apenas como uma figura decorativa até que Rogério Caboclo assumisse em 2019, acabou se transformando em um problema para a CBF. Ele assumiu a presidência no lugar de Marco Polo Del Nero, banido do futebol por corrupção.

Mas, em Moscou, causou uma série de constrangimentos. O primeiro deles foi seu voto para o Marrocos, na disputa sobre quem receberia a Copa de 2026. O acordo na América do Sul era de que todos votariam nos americanos. Se não bastasse, um de seus assessores, Gilberto Batista, se envolveu em uma briga com um torcedor em um restaurante russo e acabou sendo enviado de volta ao Brasil.

Dentro da Fifa e da Conmebol, a presença do coronel é motivo de mal-estar e não são poucos os que querem evitar o contato com o brasileiro. Infantino já chegou a sugerir seu afastamento. Na entidade sul-americana também foi debatido entre os dirigentes uma fórmula para que ele deixasse de participar das reuniões.

Fico
Mesmo a CBF já sugeriu que ele voltasse ao Brasil. Sem falar diretamente dos problemas causados, dirigentes chegaram a sugerir que, pela idade e cansaço, ele poderia retornar ao Brasil e que não teria necessidade de ficar em Moscou por 40 dias. À reportagem, Nunes afirmou que não volta ao país. “Eu fico, claro que fico. Até o final”, disse.

Relaxado depois da vitória do Brasil sobre a Sérvia, o coronel não perdia a oportunidade para rir das piadas que circulavam nas redes sociais sobre a eliminação da seleção alemã, ocorrida poucas horas mais cedo na quarta-feira.

“Vi uma (meme) que mostrava como a Alemanha levou sete gols, parcelados em módicas vezes como o brasileiro gosta”, dizia e ria o dirigente da CBF. “Mas isso mostra que o futebol está globalizado”, ponderou. “Estão todos muito iguais

Coronel Antônio Nunes, presidente da CBF

Sobre o desempenho do Brasil, o chefe da CBF elogiou os jogadores, a atuação de Coutinho e a tranquilidade de Paulinho na hora de fazer o primeiro gol. “Estou convencido de que passamos do México“, disse. “Não estou assustado não”, acrescentou.

Durante o jogo, porém, o coronel não teve a possibilidade de proferir os seus comentários com os demais dirigentes. No intervalo, Infantino ainda fez questão de aguardar que Nunes deixasse sua fileira, antes de tomar o caminho da parte interna do camarote. Ao final, o coronel continuou sendo completamente ignorado.

Enquanto ele permanecia sozinho, Infantino, Sarney, Domingues e Dmitry Medvedev trocavam apertos de mãos. O grupo saiu por um lado, enquanto o coronel deixou o local sozinho pelo outro, e sem saber que esteve na mesma fileira de um dos homens mais poderosos do mundo.

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