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Atletas lesionados deixam Tite com opções táticas reduzidas na Seleção

Douglas Costa foi o último jogador a se machucar, na sexta-feira (22/6), quando sofreu uma contusão na região posterior da coxa direita

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Julian Finney/Getty Images
Brazil v Costa Rica: Group E – 2018 FIFA World Cup Russia
1 de 1 Brazil v Costa Rica: Group E – 2018 FIFA World Cup Russia - Foto: Julian Finney/Getty Images

Na Copa do Mundo, Tite e seus auxiliares mal sabem o que é uma Seleção completa. Há mais de um mês vivenciando a rotina de treinamentos e jogos, o técnico vê a realização de trabalhos com os 23 jogadores convocados para o torneio como uma grande exceção, algo que tem atrapalhado a equipe dentro de campo, pois diminui as opções de mudanças e variações táticas do Brasil.

Douglas Costa foi o último jogador a lesionar, na sexta-feira (22/6), quando contundiu a região posterior da coxa direita nos minutos finais do duelo com a Costa Rica, tornando-se desfalque para a sequência da competição. Mas o meia-atacante da Juventus somente puxa uma fila de ao menos nove jogadores que tiveram problemas físicos ou preocuparam a comissão de Tite recentemente.

Visto como potencial substituto de Willian para os próximos jogos da Copa por causa da força física e do estilo mais agressivo para abrir espaços nas defesas adversárias, Douglas Costa é o problema mais conhecido. Afinal, apresentou-se a Tite com lesão na coxa esquerda, o que atrasou o início da preparação do atleta para a Copa.

E logo após fazer a estreia na competição, tendo ajudado a equipe a superar a Costa Rica ao dar o passe para o gol de Neymar, contundiu a outra coxa, deixando Taison como única opção de meia-atacante que atua pelas pontas para modificar o setor ofensivo nos próximos jogos da Seleção.

“Não existe recorrência da mesma lesão. É um atleta que tem uma explosão muito grande, não se dosa durante os jogos e treinos, vai além de seu limite. Isso pode ser um fator a se considerar, mas são situações de jogo. Pela própria característica do jogador, isso é uma fatalidade”, afirmou Rodrigo Lasmar, médico da Seleção Brasileira.

Além de Douglas Costa, dois titulares do ataque preocuparam Tite nos últimos meses. Primeiro, Gabriel Jesus sofreu lesão no ligamento colateral médio do joelho esquerdo no último dia de 2017, quando estava em ação pelo Manchester City. Já Neymar precisou passar por cirurgia no quinto metatarso do pé direito no início de março, só voltou a atuar nos amistosos preparatórios para a Copa do Mundo e apenas na Rússia jogou por 90 minutos completos.

E nem esse retorno acabou com as dores de cabeça de Tite. Afinal, as dez faltas sofridas contra a Suíça provocaram dores no tornozelo direito do craque brasileiro. “Com relação às faltas, pouco pode ser feito por nós para prevenir. A gente espera que haja a conduta correta da arbitragem para coibir isso”, comentou Lasmar.

Mais preocupações
Visto por Tite como setor fundamental para controlar o jogo e ditar o seu ritmo, o meio-campo também tem dado mais preocupações do que opções. Enquanto Fred perdeu a fase final de preparação para a Copa por causa de uma entrada dura de Casemiro em um treino, Renato Augusto viu uma inflamação no joelho esquerdo afastá-lo de várias atividades. Além disso, a falta de férias de Paulinho, que chegou ao Barcelona no meio da temporada chinesa, despertou preocupações sobre a sua condição física para a Copa.

Isso, aliás, pode explicar, em parte, as atuações apagadas do atleta no início de torneio na Rússia, com pouca participação no setor ofensivo, depois de se destacar nos meses anteriores pela Seleção, a ponto de ser o terceiro maior artilheiro da equipe sob o comando de Tite, atrás apenas de Gabriel Jesus e Neymar.

Inclusive, a irregularidade de Paulinho, um dos jogadores de confiança do treinador, o levou a ser substituído nos dois jogos do Brasil na Copa, por Renato Augusto diante da Suíça e Firmino contra a Costa Rica. Mas as dúvidas físicas envolvendo alguns dos candidatos a assumir a vaga, como Fred e Renato Augusto, podem estar o levando a adiar essa mudança.

Tite vive preocupação parecida nas laterais. Na véspera do duelo com a Costa Rica, ele perdeu Danilo, com lesão na região do quadril direito, sendo  que o até então dono absoluto da posição, Daniel Alves, nem pôde ir à Copa, pois sofreu grave lesão no joelho direito.

E Fagner, agora o titular da lateral direita, foi dúvida até quase a véspera da convocação por causa de lesão na coxa direita — antes de ser escalado contra os costarriquenhos, não atuava desde 29 de abril, quando se contundiu. E Filipe Luís também quase não foi convocado por causa de fratura na perna esquerda, sofrida em março.

Se não há um controle sobre problemas ocorridos com jogadores em seus clubes, a lesão de Douglas Costa foi a quarta desde a apresentação da Seleção, juntando-se aos problemas com Renato Augusto, Fred e Danilo, desde o início da preparação para a Copa. E isso pode ter relação com a intensidade dos treinos, como admitiu o técnico do Brasil.

“A forma com que trabalhamos, por vezes, provoca muito contato. A gente diminui o campo e as acelerações são maiores. Talvez se tivesse optado por treinos leves, não teria machucado o Fred e o Renato, mas é o preço da excelência”, justificou, antes mesmo da estreia na Rússia.

De qualquer forma, os problemas físicos diminuem as opções de Tite para escalar o time, ainda que não seja obrigado a fazer qualquer corte na lista de convocados. Mas Lasmar encara as contusões como fatalidade. “Tivemos lesões traumáticas, musculares e sobrecargas articulares. Não existe padrão para se explicar isso. Acho que estamos em processo de final de temporada dos clubes europeus. O futebol tem se tornado cada vez mais um esporte de extrema intensidade e de choque”, justificou.

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