Abel x Beccacece: técnicos fizeram um duelo à parte no Mané Garrincha

Palmeiras e Defensa Y Justicia se enfrentaram na noite dessa quarta-feira (14/4), em um jogo alucinante no Mané Garrincha. O duelo foi válido pela partida de volta da Recopa Sul-Americana e terminou com o título dos argentinos em Brasília.

No jogo de ida, os treinadores Abel Ferreira e Sebastián Beccacece não se bicaram e tiveram um desentendimento no fim da partida. O Metrópoles acompanhou as reações dos técnicos no primeiro capítulo dessa disputa entre Argentina e Portugal.

Calma, raiva e rivalidade
No primeiro tempo, os dois treinadores alternaram comportamentos distintos e semelhantes. Fugindo de suas características, Abel Ferreira manteve-se calmo durante os 15 primeiros minutos de jogo. Já o argentino fez o que exatamente se esperava dele: pilhado, Beccacece não parou de reclamar por um minuto sequer, gesticulando com seus jogadores e quase sempre se queixando com a arbitragem, não demorando para receber o cartão amarelo.

Mas a calma de Abel se esvaiu quando a arbitragem não marcou pênalti em Rony. O árbitro Leodan González foi chamado pelo VAR e arrancou reações diferentes entre os dois treinadores. Enquanto Beccacece pressionava o juiz da partida, Abel se afastou, parecendo prever que a penalidade seria anotada, como de fato foi e o Alviverde abriu o placar.

Porém, não demorou para que o argentino explodisse novamente. Mas dessa vez de alegria, para celebrar o gol de empate, marcado por Braian Romero. E sem pudor nenhum, comemorou gritando na direção de Abel, que limitou-se a sentar no banco de reservas.

Postura zen dura pouco
Na segunda etapa, os técnicos começaram seguindo o roteiro do primeiro tempo. O argentino seguia pilhado, enquanto o português permanecia tranquilo. Mas como previsto, o momento zen de Ferreira não durou muito. Com a expulsão de Matias Viña aos 22 minutos, o comandante do Alviverde reclamou bastante com a arbitragem enquanto Beccacece comemorava com sua comissão técnica.

Após a confirmação do cartão vermelho, Abel teve uma reação no mínimo curiosa: sentou-se no banco de reservas e lá ficou, por mais de dez minutos, sem ir uma vez sequer à área técnica. A postura passivo-agressiva do treinador acabou quando Gabriel Verón se lesionou e o técnico precisou mexer na equipe.

Foi então que a versão explosiva do treinador voltou a dar as caras. O árbitro Leodan González impediu a realização da entrada de Alan Empereur na vaga do lesionado atacante e levou Abel à loucura. O juiz autorizou a reposição de bola para o Defensa Y Justicia e o time brasileiro ficou com nove jogadores em campo. Em um momento de fúria, o português por pouco não invadiu o gramado para interromper a partida para que a alteração fosse realizada.

Mas mesmo com as mudanças e com um a menos em campo, o Palmeiras não resistiu à pressão dos argentinos. E quis o destino que saísse do pé de esquerdo de Empereur, aos 48 minutos do segundo tempo, a falha no segundo gol dos argentinos, zagueiro que Abel tanto tentou colocar em campo momentos antes.

Argentina 1 x 0
Na confusão generalizada no primeiro tempo da prorrogação, o técnico do Palmeiras mostrou mais uma vez o lado que vem apresentando em vários momentos no Palmeiras. O treinador do time paulista era um dos mais irritados na treta que começou no campo e se estendeu ao túnel do Mané Garrincha após novo pênalti marcado em Rony. 

Ânimos contidos, e lamentação com a cobrança medonha de Gustavo Gómez. Na disputa de pênaltis, Abel viu Beccacece celebrar a penalidade para fora de Weverton, e o título do Defensa Y Justicia. Mais calmo, mostrou espírito esportivo ao receber a medalha de segundo lugar com seus comandados e permaneceu até o final da cerimônia de premiação, acompanhado de sua comissão técnica, do capitão Gustavo Gómez e do presidente Mauricio Galiotte.

No primeiro round entre Argentina e Portugal, Beccacece riu por último. E os próximos rounds já têm data marcada: 4 e 18 de maio, pela fase de grupos da Libertadores.