Futebol americano e times tradicionais brigam por campos no DF

Uma briga fora de campo aquece os bastidores do esporte local. Dirigentes do futebol tradicional querem prioridade no agendamento dos jogos do Candangão da Segunda Divisão nos estádios brasilienses. Muitos desses espaços estão programados para receber partidas do futebol americano, que a cada dia conquista um número maior de torcedores. A disputa já chegou ao Palácio do Buriti, que tem a palavra final no calendário da maioria dos campos do Distrito Federal, e promete agitar a Câmara Legislativa.

Na semana passada, por exemplo, o Serejão, em Taguatinga, receberia a partida entre Leões de Judá e Brasília Alligators pela Liga Nacional de Futebol Americano (a segunda divisão do Brasileiro da modalidade). Contudo, os organizadores do evento alegam que foram desalojados em cima da hora devido ao duelo entre a equipe da cidade e o Brazlândia, pela primeira rodada da Segunda Divisão do Candangão. A bola oval rolou num campo de apoio.

 

O presidente da Federação Brasiliense de Futebol (FBF), Erivaldo Alves, reconhece que a entidade pede exclusividade nos estádios para a modalidade tradicional. “Não somos contra eles. Pedimos apenas para que priorizem o nosso campeonato. Estádio de futebol não foi feito para futebol americano”, dispara.

Revolta
Já o diretor de Marketing do Brasília V8, Dionísio Rodrigues, está revoltado com os cancelamentos dos jogos do futebol americano marcados com antecedência. E denuncia que está havendo tráfico de influência para priorizar os clubes da modalidade tradicional.

Havíamos pedido a reserva de todos os jogos para a Liga Nacional, mas derrubaram os nossos agendamentos. Pelo que sabemos, há um movimento entre os clubes de futebol, a FBF e a Vice-Governadoria. 

Dionísio Rodrigues, diretor de Marketing do V8

Erivaldo Alves admite que houve uma conversa da entidade com o vice-governador Renato Santana (PSD) com o intuito de pedir uma exclusividade dos estádios para o uso do futebol tradicional. Entretanto, em nota, a Vice-Governadoria negou que “tenha qualquer ingerência na marcação ou desmarcação de jogos ou quaisquer temas relativos à administração desses espaços”.

Condições do gramado
Como argumento, os clubes tradicionais alegam que o esporte da bola oval danifica o gramado.”Temos várias provas de que não há danos e temos tudo documentado”, rebate Dionísio Rodrigues.

O técnico da Seleção Brasileira de Futebol Americano, Danilo Müller, vai além: “Gramados bons não são estragados com a prática do futebol americano. Apenas aqueles malcuidados, com buracos de terra, podem ser danificados em casos de muita chuva.”

A Administração Regional de Taguatinga, que cuida do Serejão, parece concordar com a FBF e confirma que “o gramado não foi liberado devido à diferença do tipo de jogo. O futebol americano tem critérios bem diferentes do futebol convencional, como a marcação do campo”.

A turma do touchdown promete fazer barulho. Para demonstrar a força do esporte na cidade, cerca de 100 praticantes do esporte prometem ir à Câmara Legislativa nesta terça-feira (6/10) para pedir apoio dos deputados distritais. “Queremos o uso coletivo dos estádios. Se a gente paga as taxas, fazemos todos os trâmites, porque somos privados de usá-los? Precisamos mostra a força do futebol americano e não deixar a força política nos derrubar. Temos público maior do que as partidas de futebol”, alfineta Dionísio.

Segunda Divisão
A 19ª edição da Segunda Divisão do Campeonato Brasiliense conta com 12 equipes na briga por duas vagas na elite do futebol de Brasília. Os times jogarão entre si durante 11 rodadas, no formato de pontos corridos. Ou seja, sobem de divisão os dois que somarem mais pontos ao fim do torneio. Um confronto entre essas duas equipes definirá a campeã da temporada.

Apenas três estádios do DF estão liberados para receber as partidas do Candangão: Maria de Lourdes Abadia (Abadião), em Ceilândia; Elmo Serejo Farias (Serejão), em Taguatinga; e o Walmir Campelo Bezerra (Bezerrão), no Gama. Mesmo assim não podem receber público. Os demais aguardam vistoria da Defesa Civil, Polícia Militar, Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros.