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Atletas largam o esporte para ajudar no combate ao coronavírus

Desportistas têm aproveitado o tempo sem jogos e tirado a poeira dos diplomas para se juntarem à linha de frente contra a Covid-19

atualizado

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Tom Pennington/Getty Images
Laurent Duvernay-Tardif
1 de 1 Laurent Duvernay-Tardif - Foto: Tom Pennington/Getty Images

Conforme o coronavírus se espalha pelo mundo, a classe médica pede ajuda da população para que fique em casa e não sobrecarregue os sistemas de saúde. Uma classe de cidadãos no entanto, observando a calamidade da situação, tem ido além: os atletas.

Jogadores como Laurent Duvernay-Tardif, do futebol americano, a futebolista Paige Williams e Erica Ogwumike, do basquete, aproveitando que seus campeonatos estão suspensos ou de férias, tiraram a poeira de seus diplomas e se juntaram a outros profissionais da saúde na linha de frente ao combate à Covid-19.

Duvernay-Tardif, por exemplo, foi campeão do Super Bowl com o Kansas City Chiefs no último mês de fevereiro. No momento, ele trocou o capacete, os protetores de ombros e chuteiras pelo jaleco branco, máscara e luvas. “Meu primeiro dia de volta ao hospital foi em 24 de abril. Eu estava nervoso na noite anterior, como antes de um jogo. Empacotei as minhas coisas de forma organizada: roupas privativas, jaleco, canetas extras. Até mesmo um par de sapatos adicional para eu deixar no armário, caso ele estivesse limpo”, disse à Sports Illustrated.

O atleta canadense, que tem um doutorado em medicina, está trabalhando em um hospital perto da cidade de Montreal, onde nasceu, e diz não saber quando a NFL irá voltar. “É cedo demais para dizer quando os esportes voltarão. Ou como as coisas estarão. O que eu posso dizer é que, caso não possamos jogar em setembro, sabendo das implicações de que cada modalidade significa para o país e quanto dinheiro move nessa enorme indústria, haverá problemas maiores do que não jogar futebol americano”, destacou.

Aposentado em 2013 do futebol americano, Myron Rolle conta que apesar de breve, sua carreira na NFl tem lhe ajudado a se adaptar a rotina corrida de um hospital. “Você nunca sabe o que seu adversário vai fazer, então para estar pronto, você precisa ser flexível. Todos nós temos feito isso e estamos fazendo o melhor possível”, conta para a CNBC o ex-defensor, que atualmente está no terceiro ano de residência como neurocirurgião na faculdade de medicina de Harvard e no Hospital Geral de Massachusetts.

Aos 33 anos, Rolle compartilha como tem sido a rotina de atender pacientes com Covid-19 em plantões de 24h. “Você entra umas 4h ou 5h da manhã e às vezes as 24h se estendem porque tem toda a burocracia para finalizar antes de poder ir pra casa e deixar tudo organizado para o próximo residente pelas próximas 24h”, compartilha.

Sonhos em espera

O ano de 2020 tinha tudo para ser inesquecível para Erica Ogwumike. A nigeriana foi selecionada pelo Minnesota Linx para jogar pela WNBA (A liga feminina de basquete norte-americana) e também foi aceita em nove faculdades de medicinas diferentes.

Para a BBC, a atleta/estudante de 19 anos afirmou que sua prioridade atualmente é o basquete, porém, como tanto a WNBA se encontra supensa quanto as faculdades só iniciam as aulas no segundo semestre, ela tem mantido a mente aberta. “Porque não tentar ser excelente em dois campos diferentes, acho que pode ser inspirador para outras crianças nigerianas, assim como eu também me inspirei em minhas irmãs (Nneka e Chiney, que também atuam na WNBA)”, conta. “Além disso, é inspirador ver como os profissionais de saúde têm arriscado suas vidas para combater o coronavírus, espero chegar a ter esse nível de entrega e dedicação um dia”.

Líder de torcida

Tara Rappleyea pode não ser uma atleta, mas ela vive no olho do furacão da NBA e, agora, no epicentro de uma pandemia mundial.

Líder de torcida do New York Knicks, ela voltou às atenções ao seu outro trabalho, o de enfermeira, para ajudar em uma das cidades que mais sofreu com a Covid-19. Tara está trabalhando no Hospital Universitário Robert Wood Johnson, na cidade de Somerville, em Nova Jersey, nas unidades de terapia intensiva, somando até 60 horas de trabalho semanais.

“Parece que tudo aconteceu de uma hora para a outra. Nossa unidade mudou do atendimento de pacientes normais para aqueles exclusivos da Covid. Eu percebo agora, mais do que nunca, o quão é importante para mim estar presente com os pacientes, especialmente porque eles só podem ver meus olhos [por causa do equipamento de proteção]. Segurar as mãos deles e lhes dar um senso de conforto, segurança e conexão”, disse a cheerleader e enfermeira ao jornal “The New York Post”.

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