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Streaming foca em produções infantojuvenis para tirar público das TVs

O conteúdo infantil migrou da TV aberta para a paga e, hoje, encontra produção de qualidadenas plataformas de streaming

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Nadine Doerlé/Pixabay
Foto colorida de uma criança com blusa listrada segurando um tablet branco - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de uma criança com blusa listrada segurando um tablet branco - Metrópoles - Foto: Nadine Doerlé/Pixabay

Volta e meia surge nas redes sociais um protesto pelo fim de programas como a TV Globinho ou do Bom Dia & Cia. Curiosamente, a grita geral é de grandinhos e não de “baixinhos”. Além do saudosismo, isso tem um motivo: o público infantil tem, nos últimos anos, migrado cada vez mais para as plataformas de streamings e abandonando os modelos tradicionais de televisão.

Recente estudo feito pela Kantar Ibope Media aponta para um fato que já chama atenção dos especialistas há algum tempo. Crianças e adolescentes, com idades entre 4 e 17 anos de idade, representam 35% do público total do streaming. A faixa infantojuvenil já configura mais de 1/3 da audiência do mercado digital e opta por consumir conteúdos sob demanda.

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O banco de investimentos Piper Sandler divulgou uma pesquisa que mostra o YouTube, plataforma de consumo gratuita, como a preferida entre jovens. Em seguida, surgem novos canais digitais, como a Netflix, Disney+, Prime Video, HBO Max e outros. Não à toa, os investimentos do mercado audiovisual têm migrado para a produção de conteúdo voltado a essa faixa-etária em serviços de streaming.

Um caso de sucesso, por exemplo, é a animação O Menino Maluquinho. Ispirado no universo criado por Ziraldo, o desenho nacional está disponível na Netflix e foi indicado ao Emmy Internacional. Para o mercado global, a “locadora vermelha” lançou uma releitura de um clássico dos anos 1980: She-Ra e as Princesas do Poder. O Prime Video, por exemplo, tem o RPG Vox Machina como opção no catálogo. Na HBO Max, o público pode encontrar a brasileira Irmã do Jorel. Isso sem falar nas produções teen no formato live action, como O Coro, do Disney+.

No YouTube, criadores de conteúdo infantojuvenil angariam milhões de seguidores e views. Entre os exemplos mais lembrados, está Luccas Neto, que já conta com mais de 40 milhões de inscritos no canal. Investindo em conteúdo educacional, o Manual do Mundo dá dicas e aulas sobre ciências e atrai uma audiência de 18,2 milhões de participantes.

Mudança geracional

Para Marcus Tavares, professor da ESPM Rio, o foco dos serviços é no futuro, afinal, a parcela mais jovem da audiência pode garantir retornos maiores a longo prazo – principalmente, em relação aos concorrentes tradicionais (TVs aberta e fechada).

“Isso tem a ver, de um lado, e quase sempre, com os interesses comerciais. O fato é: o público infantojuvenil é um tesouro. Quem quiser investir, e torcemos que seja cada vez mais com qualidade, respeito e ética, terá retorno. Não se trata de um público menos exigente, pelo contrário”, avalia o especialista.

“Além disso tudo, estamos nos referindo a um público que é ávido por histórias desde quando era bebê. Afinal, as histórias fazem parte da constituição de conhecimentos e valores das crianças e dos jovens. Ter acesso a uma infinidade delas, em qualquer tempo e lugar e através de diferentes telas, que podem ser vistas individualmente ou de forma compartilhada, é envolvente e sedutor”, completa Tavares.

Gustavo Marra, presidente da TV Coins – plataforma de streaming para criadores –, acredita em mudanças cultural e geracional, na qual parcelas mais jovens da sociedade crescem sem a “obrigação” de seguir uma programação linear.

“As crianças, assim como os adolescentes, já sabem o quê, quando e onde querem assistir seus filmes e séries. Eles têm muita opinião, por isso o investimento nesse público traz bons resultados. Vemos o Luccas Neto como um case de sucesso, já que ele capitalizou em um público de muito potencial e que é fiel em muitas formas”, afirma Gustavo Marra.

Os dilemas no streaming

Marcus Tavares entende que, por se tratar de um público ainda em formação, é preciso que a atenção seja redobrada. O professor lembra, por exemplo, os impactos que a legislação sobre publicidade infantil gerou e que, segundo ele, estão na raiz da migração dos conteúdos dos modelos tradicionais para o streaming.

“Com as mudanças na legislação, consequentemente, as emissoras deixaram de produzir. Boa parte dessa publicidade migrou para a TV por assinatura, que por meio de seus canais infantis continuaram investindo na programação, principalmente focando a linguagem da animação”, recorda. Agora, o streaming surge como uma nova opção, atraindo investimentos e público.

Por fim, ele deixa o alerta: “Trata-se de uma migração que não vem acompanhada pelo olhar e cuidado de alguns pais/responsáveis no sentido de saber o que os filhos vêem. Embora as plataformas cumpram a legislação com relação a divulgação da classificação indicativa de seus produtos, essa discussão parece ter sido meio que posta de lado pela sociedade”, conclui.

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