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Após demissões e cancelamentos, Globo está de olho no humor da geração meme

Zorra, Escolinha do Professor Raimundo e Fora de Hora acabam em 2020: para pesquisador, emissora pretende renovar a programação

atualizado

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TV Globo/Reprodução
A Escolinha do Professor Raimundo
1 de 1 A Escolinha do Professor Raimundo - Foto: TV Globo/Reprodução

O ano de 2020 foi repleto de mudanças para a TV Globo. Entre interrupção de gravações de telenovelas e atrações com público, foi anunciado, em outubro, o término de tradicionais programas de humor do canal. No fim deste ano saem do ar: Zorra (antigo Zorra Total), a Escolinha do Professor Raimundo e o Fora de Hora.

A notícia surpreendeu tanto os funcionários da casa quanto o público, considerando que o humor faz parte da história da Globo.

Ainda neste ano, uma grande baixa na emissora balançou diretamente o setor humorístico. Até meados de agosto, era Marcius Melhem, ex-coordenador da área de humor, quem comandava os programas do gênero na casa. O ator foi afastado do canal depois que vieram à tona acusações de assédio moral feitas por atrizes e atores subordinados a ele.

Em outubro, a Globo chegou a atribuir a descontinuidade dos programas ao impacto que a pandemia trouxe.

“Diante dos desafios impostos pela Covid-19, que têm impactado muito nossos cronogramas de produção, optamos, em 2021, por reunir todo o potencial criativo da Globo em um programa novo”, disse a nota da assessoria.

Entretanto, muitos motivos podem ter levado a mudança na programação.

“A saída de Melhem não foi o fator primordial. Ela pode ter antecipado a mudança, mas essa reestruturação iria acontecer de toda forma. A emissora está tentando se adaptar aos dias atuais, tanto nas modalidades de contrato de trabalho quanto no conteúdo humorístico oferecido ao público”, explicou Alexandre Kieling, professor e pesquisador do Mestrado Profissional de Inovação em Comunicação e Economia Criativa da Universidade Católica de Brasília.

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Mudança nos contratos de trabalho

Manter um casting cheio de estrelas pode custar muito caro para uma emissora. Tanto é que, neste ano, a Globo dispensou alguns de seus atores mais antigos e, em outros casos, flexibilizou os contratos para que eles pudessem fazer outros trabalhos e atuem no canal somente em produções específicas.

“A ator da casa é pago, inclusive, quando não está trabalhando. O custo começa a ficar muito evidente. A Globo passa a adotar o caminho que todo sistema econômico está utilizando: trabalhando por projeto. É um processo de mudança no sistema de trabalho”, explica Alexandre.

Ao Metrópoles, a Globo explicou que, como em todos os anos, com o término das gravações deste ano, em dezembro, serão encerrados os contratos de quem trabalha por obra, que poderá ou não ser contratado novamente de acordo com a demanda de novos projetos. Sem mencionar nomes, a assessoria de imprensa da emissora informou que “todos os humoristas de prazo longo continuam contratados normalmente”.

Explorar novos projetos

Com maior orçamento disponível, depois de extinguir os programas tradicionais, a emissora pode ter mais flexibilidade para criar formatos inéditos e contratar novos nomes.

“A contratação por produção flexibiliza e torna possível trazer outros atores e aumentar o leque de opções na grade. Deste modo, passa-se a ter recursos para tocar novos projetos. O humor está passando por um processo de reposicionamento”, descreve Alexandre.

O telespectador do humor mudou. Hoje em dia, com o advento das redes sociais, o texto que faz sucesso não é aquele do estilo Casseta & Planeta, outra famosa atração da Globo já extinta. “Atualmente, o público não tolera piadas com cunho machista ou que ofenda qualquer pessoa. Quando isso acontece, prontamente, os envolvidos se tornam alvos nas redes”, alertou o professor Kieling.

Segundo o pesquisador, na nova era do humor, o que faz sucesso é a piada do cotidiano, representada por memes, o humor da rua. “As configurações estão mais complexas. Fazer comédia está mais complexo, mais refinado. Me parece que o movimento da Globo vai em direção a essa tendência: se adaptar a um novo público”, conclui.

O futuro do humor na Globo

Em nota, a assessoria de imprensa da emissora reconheceu que o humor faz parte da história do canal.

“O humor é prioridade na grade na TV Globo, é parte do nosso DNA. Sempre tivemos uma vitalidade grande no humor e sempre estamos abertos às novidades e criações”.

Mesmo após o fim da transmissão de Zorra, a emissora pretende manter a faixa horária do sábado à noite como dedicado exclusivamente para produções do humor, e garante que o espaço será ocupado por um novo programa em 2021.

O comunicado voltou a mencionar os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 fundamentais para a reestruturação da grade. “A pandemia tem impactado muito nossos cronogramas de produção, optamos, para o ano que vem, por reunir todo o potencial criativo do humor da Globo neste projeto, juntando as equipes do Fora de Hora, Zorra e Escolinha. A ideia é oferecer para o espectador o melhor de cada gênero de humor, num programa variado e com muitas possibilidades de desdobramentos futuros”.

A expectativa da emissora no próximo ano é voltar a ocupar o posto de laboratório e revelar novos nomes para a cena do humor: “Será um verdadeiro laboratório de formatos e talentos e que poderá trazer ainda mais novidades”.

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