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Sambódromo e cidade do rock: veja ideias de buritizáveis para cultura

A Lei do Silêncio também está na mira dos candidatos ao comando do Governo do Distrito Federal

atualizado

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Kacio/Metrópoles
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1 de 1 cidade-rock (1) - Foto: Kacio/Metrópoles

Teatro Nacional e Museu de Arte de Brasília (MAB) fechados. Grandes eventos e shows internacionais minguando. Artistas reclamando falta de oportunidades e palcos. Produtores, empresários e restaurantes discutindo em torno do volume do som. Os desafios “culturais” do próximo ocupante do Palácio do Buriti são grandes e demandam atenção do setor público.

O Metrópoles analisou as propostas dos 10 candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) para a área. Entre promessas mirabolantes, como a construção de um novo sambódromo, há debates mais práticos, como a conservação do Patrimônio Histórico de Brasília – a capital tem o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Unesco.

A conservação dos equipamentos públicos está no centro do debate. “Creio que além da necessidade de aplicação de recursos para reformar os equipamentos culturais, é preciso organizar um sistema de gestão que possibilite sua manutenção e acesso o maior tempo possível. Certamente, a dinamização dos espaços, com mais uso e senso de pertencimento por parte dos cidadãos”, avalia Fernando Oliveira Paulino, professor e diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB).

A preocupação de Paulino, pesquisador da área, é um dos pontos centrais do atual debate. A recuperação do Teatro Nacional Claudio Santoro, por exemplo, tornou-se um símbolo da luta contra o descaso cultural. Fechado há mais de quatro anos, o espaço viu a imponente estrutura se deteriorar e os grandes espetáculos fugirem para outras praças.

A gestão de Rodrigo Rollemberg reabriu o foyer do local, porém, o pequeno espaço recebe tímidas exposições e eventos. As reformas da sala Martins Pena e Villa-Lobos seguem sem previsão de reabertura – há em curso uma parceria junto ao governo federal para captação de recursos da Lei Rouanet com intuitos de se executar as obras.

Em 2017, o Metrópoles teve acesso ao Teatro Nacional e constatou o abandono:

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Outro buraco negro do patrimônio cultural é o MAB. O governo Rollemberg fala em “obras a pleno vapor”, no entanto, ainda não há uma data para entrega do equipamento fechado há 11 anos. Foram entregues à população o Centro de Dança do DF e o Espaço Renato Russo.

Os 10 candidatos ao Buriti afirmam nos programas que vão reabrir os equipamentos culturais fechados. A origem dos recursos também é igual entre todos: o governo federal.

Marcelo Barros Marques, economista e professor de gestão pública da Universidade Católica de Brasília (UCB), acredita que reabertura do Teatro Nacional e do MAB são importantes, mas defende um olhar mais profundo para a questão da cultura.

O Brasil tem um problema de gestão. A cultura enfrenta diversos problemas estruturais, pela falta de planejamento na área. No entanto, as soluções apresentadas são sempre conjecturais, tentando resolver problemas pontuais e não as causas. Não se resolve na canetada

Marcelo Barros Marques

Lei do Silêncio
No atual debate cultural do DF, a Lei do Silêncio é certamente o tema que mais divide opiniões. De um lado, empresários e artistas acusam a legislação de inviabilizar a música na cidade. Do outro, moradores clamam pelo direito ao sossego.

Atualmente, a lei estabelece seis faixas que limitam os decibéis de acordo com a natureza dos lugares. Para áreas residenciais, um máximo de 50dB(A); se for comércio, 60dB(A); no circuito industrial, 70dB(A); na fazenda, 40dB(A); se o endereço tiver vocação recreativa, o limite vai até 65dB(A). À noite, o volume diminui ainda mais. Está engavetado na Câmara Legislativa o PL 445/2015, que propõe fixar valores únicos: 75dB durante o dia e 70dB durante a noite, independentemente do ambiente.

Paulino acredita importante utilizar o período eleitoral para readequar os anseios da comunidade artística e dos moradores.

Existe como estimular a cultura e garantir o descanso. Para isso, neste momento eleitoral, creio ser fundamental ao menos debater níveis de decibéis, locais de emissão de som e também, algo que não vi muito presente nas discussões: o horário das apresentações musicais. Talvez, também seja possível iniciar as emissões som um pouco mais cedo para compatibilizar o direito de todas(os)

Fernando Oliveira Paulino

Confira a propostas candidatos (em ordem alfabética) sobre a Lei do Silêncio:

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Propostas inusitadas
No âmbito da gestão cultural, algumas propostas inusitadas surgem no programa de governo. O candidato Alberto Fraga (DEM), por exemplo, defende a construção de um sambódromo. No entanto, nos últimos carnavais, o desfile das escolas de samba não ocorreu, muito por conta do crescente movimento dos blocos de rua na capital.

No entanto, o deputado federal diz que há espaço para recuperar esse festejo. “Vou verificar a viabilidade de implantação do Sambódromo de Brasília, em um espaço multiuso. Além do Carnaval, vou aproveitar para realizar em um só local várias ações e projetos culturais. O carnaval perdeu força porque não houve o devido apoio às escolas de samba”, alega.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Guillen (PSTU) quer revogar lei que proíbe a pichação

 

Eliana Pedrosa (Pros) fala na criação de uma cidade do rock – mesmo que Brasília já não ostente com tanto vigor o título de capital do ritmo. “Na verdade, é um espaço cedido em concessão à iniciativa privada em que haverá restaurantes e ambiente para shows de médio porte ao ar livre e indoor. Neste contexto, o concessionário edificaria um museu do rock para perpetuar a história das nossas bandas”, explica a candidata.

Guillen (PSTU) tem uma proposição igualmente polêmica: revogar a Lei da Pichação. “O grafite, que é parte importante do movimento hip-hop, infelizmente ainda é alvo de discriminação na sociedade. Isso é um desdobramento do racismo muito arraigado no Brasil e nas instituições estatais. Essa legislação pode se tornar um instrumento de criminalização da arte urbana”, coloca o político

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