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Para Toquinho, sempre teve “merda” na música brasileira

O cantor e compositor vem a Brasília, neste sábado (19/10/2019), para show no Centro de Convenções

atualizado

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Samuel de Roman/Redferns
Toquinho, Silvia Perez Cruz and Javier Colina Concert – Universal Music Festival 2019
1 de 1 Toquinho, Silvia Perez Cruz and Javier Colina Concert – Universal Music Festival 2019 - Foto: Samuel de Roman/Redferns

Antonio Pecci Filho é mais conhecido do público brasileiro pelo apelido Toquinho. O artista, além de amigo próximo de Vinicius de Moraes, conservou relação próxima com grandes nomes da música brasileira. Esse olhar de dentro da indústria faz o cantor e compositor ter uma visão própria. Na véspera de seu show em Brasília, ao lado de Ivan Lins, neste sábado (19/10/2019), Toquinho conversou com Metrópoles sobre o cenário atual da arte no país.

Ele discorda da opinião de Milton Nascimento, que, em entrevista à Folha, sacramentou que a “música brasileira está uma merda”. Para Toquinho, sempre se ouviu coisas boas e ruins por aqui. Ele acredita que uma elite de compositores precisa se “desencastelar”.

“Ele [Milton Nascimento] falou isso numa entrevista. Mas, às vezes, pegam uma frase e colocam numa manchete. Não chego a discordar inteiramente. Sempre teve merda em todas as épocas. Na Bossa Nova, também teve merda. No sertanejo, tem gente boa e tem merda. Uma parte dos compositores brasileiros, que compõe uma elite, se mantém sentada num pedestal”, dispara Toquinho, em entrevista ao Metrópoles.

Toquinho renega esse pedestal. Para ele, artistas nacionais estão estacionados, precisando se reinventar. “Eu sou um trabalhador da música brasileira. Acabei de gravar um CD com inéditas, com uma atmosfera nova, indo à luta nas redes sociais. As pessoas precisam se mexer, inventar comunicação. Sempre achei a música brasileira acomodada em seu trono”, avalia.

Kacio/Arte/Metrópoles

Cheio de bossa?

O artista também rejeita o rótulo de representante da Bossa Nova. Para ele, o gênero “não é um movimento ou uma música em especial. É a atmosfera musical, uma consequência do que João Gilberto fez”.

Mesmo assim, Toquinho, ao lado de Ivan Lins, promete homenagear João Gilberto. O cantor e compositor diz que não precisa fazer nada diferente para dedicar uma apresentação ao grande mestre.

“Homenagem a João Gilberto, eu fiz minha vida inteira, porque ele foi a semente de minha geração. Se nós tocamos violão hoje, se estamos no palco, é porque existiu João Gilberto. A importância dele é enorme na transformação da música brasileira”, atesta Toquinho. “Injetou uma qualidade harmônica fantástica, uma pureza de ritmo incrível”, conclui.

Show

No espetáculo em Brasília, Toquinho e Ivan Lins terão, ainda, a luxuosa companhia de Tiê. Os três artistas vão desfilar uma sequência de músicas que contam, à sua maneira, a história da música brasileira.

No setlist, sucessos como Tarde em Itapuã, Samba de Orly, Que Maravilha, Aquarela, Regra Três, Escravo da Alegria, O Caderno, Samba pra Vinicius, Quem Viver Verá, Madalena, Bandeira do Divino, Novo Tempo, Vitoriosa, Lembra de Mim, Começar de Novo, Aos Nossos Filhos, Desesperar Jamais e Cartomante.

Depois de todos esses anos, ainda estamos lotando teatros e outros espaços e, apesar de termos estilos diferentes, não foi preciso fazer muitas mudanças para o projeto dar certo. A sintonia aconteceu”, comemora Ivan Lins.

Da Bossa a MPB com Ivan Lins e Toquinho – com participação de Tiê
Neste sábado (19/10/2019), no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 21h30. Ingressos a partir de R$ 50. À venda on-line. Classificação indicativa livre

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