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Iggy Pop renova o rock de garagem no disco “Post Pop Depression”

Com Josh Homme na produção e na guitarra, o experiente roqueiro revela novas belas canções como “American Valhalla” e “Sunday”. Álbum será lançado oficialmente nesta sexta (18/3)

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Kevin Winter/Getty Images
Iggy Pop And Josh Homme Perform At Teragram Ballroom For The Post Pop Depression Tour
1 de 1 Iggy Pop And Josh Homme Perform At Teragram Ballroom For The Post Pop Depression Tour - Foto: Kevin Winter/Getty Images

Eterno ícone punk, Iggy Pop sabe fazer bons amigos. No fim dos anos 1970, quando quis iniciar carreira solo e se reabilitar do uso de drogas, mudou-se com David Bowie para Berlim. Lá, sob produção dele, gravou os potentes discos “The Idiot” e “Lust for Life”, em 1977. Agora, Pop tenta se reinventar no álbum “Post Pop Depression”, em colaboração com Josh Homme, roqueiro das bandas Queens of The Stone Age e Eagles of Death Metal. O CD sai oficialmente nesta sexta (18/3).

Após a traumática experiência com “Après” (2012), um disco de covers de canções francesas rejeitado pela gravadora Virgin, Iggy Pop decidiu manter as coisas em segredo para o próximo trabalho. Ano passado, estreitou a relação com Josh Homme, mas sem dar alardes de que um novo disco estava em andamento. Homme assumiu a guitarra e a produção das músicas. Assim que as primeiras faixas começaram a surgir, ficou claro que havia um álbum a caminho.

O quarteto que gravou “Post Pop” completou-se com as adesões de Dean Fertita (baixo), do Queens, e Matt Helmers, baterista do Arctic Monkeys. Homme e Iggy bancaram o disco do próprio bolso, o que dá um agradável ar underground para o álbum. Mas a sonoridade é acessível e direta, com canções que se equilibram entre os vocais ásperos de Pop e a guitarra stoner (direta, limpa) de Homme.

Ouça “Sunday”:

Depressão pós-pop (ou carreira, descanso e morte)
À primeira audição, “Post Pop” se apresenta como um disco talvez bem produzido demais para os padrões do ídolo punk: ruídos comportados e melodias que caminham calmamente entre o hard rock e o pós-punk. Ainda assim, é impossível esperar algo inofensivo de Iggy.

Aos 68 anos, ele parece refletir o tempo inteiro sobre o seu próprio legado. Em “American Valhalla”, começa dizendo: “Não tenho planos, não tenho dívidas”. Para depois cravar: “Não sou o homem que tem tudo / não tenho nada a não ser meu nome”.

As letras enxutas falam sobre morte e descanso na ótima “Sunday”. “A chave para tudo, eu rastejo pelo domingo, quando não tenho que me mover”, ele declara, cercado dos grooves mais ensolarados de “Post Pop”. Uma orquestração digna de fim de filme encerra a crônica de Iggy.

Letrista esperto, Iggy realiza um de seus achados em “German Days”, faixa agitada pela guitarra staccato de Homme: “Berlim e Cristo / Champagne no gelo”, rimando “Christ” (Cristo) com “ice” (gelo). Felizmente, “Post Pop Depression” nem a anos-luz de distância lembra outra recente combinação entre gigantes do rock: o desastroso disco “Lulu” (2011), assinado por Lou Reed e Metallica.

Homme acaba repetindo algumas ideias de “Humbug” (2009), álbum em que os Arctic Monkeys soaram mais californianos do que nunca. Iggy Pop abraça o rock garageiro dos anos 2000 de peito aberto e coração punk.


“Post Pop Depression” está disponível a partir de 18/3 na Amazon, no Google Play e iTunes.

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