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Filho de Renato Russo lançará obras inéditas do pai: “Direito e obrigação”

Giuliano Manfredini disse que ainda precisa avaliar conteúdo e estado do material, mas afirmou que seu objetivo é torná-lo público

atualizado

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renato russo
1 de 1 renato russo - Foto: Divulgação

Na última quarta-feira (9/12), a Polícia Civil do Rio de Janeiro localizou e recuperou 91 tapes com materiais supostamente inéditos e de autoria de Renato Russo. Tudo estava escondido na empresa de depósito Iron Mountain, em Cordovil, zona norte da capital carioca. Segundo as investigações, ainda em andamento, o local seria utilizado pela gravadora Universal Music.

A suspeita sobre a existência do acervo começou há mais de um ano, depois de uma notícia-crime feita pelo filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, detentor dos direitos autorais do pai, a quem o material apreendido será entregue.

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, nessa quinta-feira (10/12), o jovem contou que o ponto de partida da operação foi o sumiço de materiais do apartamento de Renato, no Rio. O local está inabitado e foi acessado por poucas pessoas desde a morte do cantor, em 1996.

“Esses mesmos materiais começam a aparecer em perfis falsos nas redes sociais. Comecei a receber e-mails desses perfis, alegando estarem em posse de vários materiais inéditos, mais especificamente uma fita do meu pai com o primeiro guitarrista do Aborto Elétrico”, conta. “Começaram a nos chantagear, ameaçar, para que licenciássemos essa fita. Vendo que eu estava sendo vítima de um golpe, resolvi recorrer à polícia com uma notícia-crime”, completou.

Confira a entrevista:

A busca pelos originais já havia sido alvo da Operação Será – em referência a um dos maiores sucessos da banda –, no final de outubro. Na ocasião, a polícia confirmou ter apreendido 30 composições inéditas de Renato Russo, que estariam em posse de Marcelo Froes, ex-produtor do Legião Urbana. Ele teve computador, HDs e celular apreendidos.

Procurado pelo Metrópoles, Froes alegou não poder falar com a imprensa, uma vez que o processo corre em segredo de justiça. “Fui ouvido como testemunha, não há nenhuma acusação”, resumiu.

Richa com ex-integrantes, produtores e jornalistas

Mesmo após a operação, produtores do Legião, como Carlos Trilha, continuaram negando a existência de músicas desconhecidas do público.  À época, a pesquisadora Chris Fuscaldo, que produziu uma biografia sobre os álbuns do Legião Urbana, escreveu um artigo em que classificou a denúncia de Giuliano e a operação como “censura aos fãs”.

“É uma acusação mentirosa. Eu tenho uma responsabilidade imensa com a memória do meu pai. Eu sou obrigado a fazer algo face ao absurdo e ao crime. A Legião Urbana Produção não compartilha com nenhum crime, nenhum absurdo. Cuidar do Renato, do meu pai, é nossa responsabilidade. Fomos obrigados a fazer alguma coisa. Sempre incentivei jornalistas, apoiei biógrafos”, defende-se.

Ele destaca que seu objetivo é justamente dar publicidade à obra. “A pesquisa que estamos fazendo com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo foi o maior trabalho de recuperação do trabalho de um artista na história do país. Foram mais de 3 mil objetos recuperados, catalogados, higienizados, e o objetivo é levá-los ao público.”

Giuliano não tem dúvidas de que os documentos descobertos formam um acervo valioso. “Há conteúdo inédito, isso é um fato. Nós iremos analisar o estado em que esse acervo se encontra, o estado desse material, catalogar e, aí sim, decidir quais providências serão cabíveis”, afirma.

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Richa com os membros do Legião e ex-produtores

Segundo o herdeiro, a relação conflituosa que possui com amigos de Renato foi gerada por causa de seu empenho em proteger um legado do qual os próprios membros do Legião abriram mão.

“De minha parte não existe isso. Meu pai criou a Legião Urbana Produção em 1987, doou cotas minoritárias para eles, Dado, Bonfá, Renato Rocha. Isso foi em agosto. Em dezembro, os ex-integrantes vendem suas participações para o meu pai. E fica essa configuração daí em diante”, explica. “Então há, aí, uma confusão por parte deles, que entram na Justiça contra mim. Eu não tenho nenhum problemas com eles”, emenda.

Com o acervo recuperado em mãos, o carioca pretende explorar a personalidade do pai, que é considerado um dos maiores compositores brasileiros. “Eu quero que a gente lance shows ao vivo, mas a gente precisa ter acesso a todo esse material, é nosso direito e obrigação”, diz. Seus planos também incluem realizar uma turnê nacional, com a exposição realizada no MIS-SP em 2017.  “Os fãs merecem isso. A gente quer que eles descubram o homem por trás do mito”, destaca.

Questionado se a operação da Polícia Civil representa um fechamento na busca por materiais do compositor, Manfredini nega. “Tudo relacionado ao Renato Russo não tem fim. É uma busca eterna. Eu sei que a minha vida é uma busca eterna pelo meu pai.”

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