metropoles.com

Crítica: “Day Breaks” marca o reencontro de Norah Jones com o jazz

A cantora nova-iorquina Norah Jones também reúne covers de Duke Ellington e Neil Young em “Day Breaks”

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução/Twitter @NorahJones
norah jones, cantora pop
1 de 1 norah jones, cantora pop - Foto: Reprodução/Twitter @NorahJones

“Day Breaks”, novo disco da cantora Norah Jones, vem sendo tratado como um retorno da artista ao jazz intimista de seus primeiros anos de carreira. Com o piano voltando a ser protagonista, a nova-iorquina delineia suas referências em covers de Horace Silver, Duke Ellington e Neil Young. Nas canções autorais, letras melancólicas refletem sobre amadurecimento, política e angústias vividas no mundo contemporâneo.

Mas “Day Breaks” não é só um movimento de volta ao jazz macio de “Come Away with Me” (2002), o disco que fez a cantora estourar e rendeu cinco Grammys. Nem apenas uma troca de instrumentos – a guitarra dos últimos trabalhos pelo piano da estreia.

O álbum representa uma etapa ousada de toda uma metamorfose musical trilhada pela cantora nos últimos anos. Até por isso, Norah parece bem à vontade para transitar sutilmente entre os outros estilos (pop, country, blues e folk) que vinha explorando. Mas é o jazz que lidera a atmosfera do repertório.

Norah ao piano: sua melhor versão
“Flipside” é, de longe, a canção mais urgente dessa nova fase. Traz um piano tipicamente jazzístico para acompanhar as linhas funkeiras de baixo e a vibe de blues rock da melodia. Na letra, ela entrega uma crônica sobre tempos difíceis de violência e desespero. “Jogue as armas fora ou todos vamos perder”, alerta.

Em “It’s a Wonderful Time for Love” e “And Then There Was You”, Norah revive com leveza o jazz melancólico que a consagrou em “Come Away with Me”. Mas “Day Breaks” vai além desse óbvio retorno às origens. Entre os covers, ela consegue se apropriar lindamente de “Don’t Be Denied”, a canção autobiográfica sobre infância assinada por Neil Young.

Para transcender o mero flashback, Norah se filia a um dream team de músicos na gravação. Nomes como Wayne Shorter (sax soprano), Tony Scherr (guitarrista em “Come Away”), Lonnie Smith (órgão) e John Patitucci (baixo) integram a banda.

“Day Breaks” encontra sua identidade nas frestas entre um estilo e outro. Norah saiu do sucesso da estreia para gravar trabalhos de country (“Feels Like Home”), blues (“Not Too Late”), rock (“The Fall”) e pop (“Little Broken Hearts”). Ela consegue rearranjar todas essas personas por meio de seu inconfundível jazz ao piano.

Avaliação: Ótimo

“Day Breaks” está em pré-venda no formato de CD nas livrarias

O disco pode ser ouvido online via AmazonGoogle Play e iTunes

Compartilhar notícia