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Mãe busca carta em LP dos Beatles que vítima de Covid escreveu à filha

Material ficou em um dos mais de 350 discos que fã vendeu no início da pandemia. Ele pretendia que filha, hoje com 14 anos, lesse aos 15

atualizado

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Arquivo Pessoal/Reprodução
O beatlemaníaco Karlo Schneider e a filha Barbara
1 de 1 O beatlemaníaco Karlo Schneider e a filha Barbara - Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução

Uma verdadeira caça ao tesouro. É isso o que a família do beatlemaníaco Karlo Schneider, que morreu aos 40 anos por complicações da Covid-19, em 11 de março último, tem feito em busca de cartas que ele escreveu para a filha mais velha, junto com alguns amigos, quando ela ainda estava na barriga da mãe. Karlo tinha a intenção de entregar a correspondência à menina quando ela fizesse 15 anos, mas deixou o tesouro escondido dentro de um disco dos Beatles que ele acabou vendendo por necessidade financeira no início da pandemia.

Barbara, a filha de Karlo, fez 14 anos uma semana antes da morte do pai. Para realizar a vontade dele, a família corre contra o tempo para localizar as cartas e entregar à menina. A mulher do beatlemaníaco, a designer gráfico Alcione Araújo, contou ao Metrópoles que revirou toda coleção em casa e tem entrado em contato com os compradores que conseguiu identificar a fim de encontrar as correspondências. Até o momento ela ainda não teve sucesso.

Segundo Alcione, o marido trabalhava no setor de hotéis no Rio Grande do Norte e ficou desempregado por um ano, por isso resolveu colocar à venda parte de seu acervo, superior a 600 itens, entre LPs, CDs e DVDs, em edições simples, comemorativas ou no formato box. Hoje, cerca de 150 peças ainda estão na casa da família, que vive em Caicó, município potiguar.

“A gente sabe que é mais difícil de achar porque colecionador muitas vezes nem toca no disco, deixa ele guardado. Meu esposo tinha uns que ele nem abria. Mas a gente espera que com essa história ficando conhecida, que as pessoas possam procurar em seus discos e encontrar as cartas”, afirma Alcione.

A designer pede que colecionadores e frequentadores de sebos possam procurar em suas discotecas se há cartas no interior das capas de LP. “Sabemos que essas pessoas muitas vezes revendem, trocam, passam para frente. Então pode ser que esteja com alguém que não comprou diretamente do Schneider”, declara.

Campanha

Para encontrar quem adquiriu o disco, ou os discos, com o tesouro, a família e amigos têm feito contatos com outros amigos, conhecidos e beatlemaníacos em geral. Eles têm publicado a história nas redes sociais. Nesta terça-feira (8/6), a “caça ao tesouro” viralizou e chegou em todo o país.

Só no Twitter da escritora Ulla Saraiva, amiga de Karlo desde 2001 e autora de uma das cartas escondidas nos LPs, em uma das publicações eram 76,3 mil likes e mais de 21,3 mil retweets até as 22h desta terça. “Os amigos estão ajudando a divulgar onde têm contato, algumas pessoas publicam em fóruns de trocas de discos, em alguns blogs de Beatles e nas mídias sociais”, comentou. Segundo ela, são pelo menos quatro cartas: a de Karlo, a dela e a de mais dois amigos do fã dos Fab4.

Pelas redes

A história da “caça às cartas” ficou conhecida depois que o professor de inglês Gilvan Moura, de Ouro Preto (MG), contou a história em um vídeo no canal dele no YouTube, a Beatles School. Gilvan conhecia Karlo e mantinha contato pela paixão que os dois nutriam pelo mais famoso quarteto de Liverpool.

“O Karlo me escreveu, lá no início da pandemia, disse que queria se desfazer de uns discos e me ofereceu. Eu disse a ele que também estava preocupado com o que iria acontecer, então não quis comprar. Mas falei que poderia pegar o telefone e passar para os diversos amigos beatlemaníacos que tenho, e assim o fiz”, declara Gilvan.

Um desses amigos era o advogado Guilherme Gravina, também colecionador de produtos dos Beatles, que se interessou pelo material e entrou em contato com Karlo. Guilherme diz que chegou a selecionar alguns itens, negociou com o dono do acervo, mas acabou não comprando.

“Quando foi em abril deste ano eu me lembrei dos itens e mandei uma mensagem, mas não obtive resposta. No final de maio, a esposa dele me respondeu dizendo que ele tinha falecido por complicações da Covid e que ela tinha algumas coisas da coleção, mas que não deveria vender. Aí ela me contou a história da carta que o Karlo tinha escrito para a filha deles. Fiquei muito triste com a notícia e contei para o Gilvan sobre o ocorrido”, explicou.

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A mulher do beatlemaníaco confirma que entrou em contato com diversas pessoas para tentar localizar as cartas. Segundo ela, não é possível falar com todos porque o marido fazia parte de muitos grupos de WhatsApp com outros fãs de Beatles e mantinha muitas amizades e grande número de seguidores em redes sociais.

“Mas eu peço para que, por favor, procurem as cartas em seus discos. Essas cartas são muito importantes para nós. Começou como uma brincadeira, mas se tornou algo de uma importância gigante para nós, com a partida dele. Sabemos de muitas famílias que estão sofrendo com esse vírus, mas encontrar essas cartas pode aliviar um pouco o nosso sofrimento”, pondera Alcione.

Quem tiver pistas sobre as cartas, pode fazer contato com a família pelo e-mail ullasaraiva@gmail.com.

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