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Jornalista Carlos Marcelo estreia na ficção com “Presos no Paraíso”

Ambientado em Fernando de Noronha, o livro dispensa elementos turísticos e narra um crime cometido no arquipélago

atualizado

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Luciana Carvalho/Divulgação
carlos marcelo
1 de 1 carlos marcelo - Foto: Luciana Carvalho/Divulgação

“Presos no Paraíso” representa a estreia do jornalista Carlos Marcelo na literatura de ficção. Conhecido pela biografia “Renato Russo – O Filho da Revolução” (2009), o autor visitou o arquipélago de Fernando de Noronha, cenário do livro, apenas uma vez, em 2014.

A viagem única bastou para que ele se sentisse instigado a escrever mais do que uma reportagem, mas uma trama de mistério policial ambientada ali. Ele lança o livro em Brasília, onde morou por anos, neste sábado (3/6), às 17h, na Livraria Cultura do Iguatemi (Lago Norte).

Apaixonado por literatura policial, o escritor paraibano nunca planejou escrever ficção. Mas o interesse despertou assim que ele conheceu Noronha, seus habitantes e suas paragens.

A passagem do escritor Carlos Marcelo por Fernando de Noronha:

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Paraíso e prisão
Noronha é um refúgio isolado do continente que, para além do cartão-postal, guarda um passado carregado de histórias. Já abrigou presídios séculos atrás e, mais tarde, prisioneiros políticos durante o Estado Novo e a ditadura militar. “Como se Alcatraz tivesse se tornado o Havaí”, define Tobias, o historiador que protagoniza “Presos no Paraíso”.

“Fiquei impressionado com o lado menos turístico e mais histórico. O que me fascinou foi um clima diferente, o isolamento. É um dos encantos e mistérios”, descreve o paraibano de 46 anos, hoje diretor de redação do jornal “Estado de Minas”, em Belo Horizonte.

Tobias, narrado em primeira pessoa, visita Noronha a trabalho, com objetivo de elaborar um guia para uma operadora de turismo e, em paralelo, uma pesquisa de doutorado. Um crime é cometido. O aeroporto, fechado, impede chegadas e partidas.

Prato cheio para que Carlos Marcelo desenvolvesse o conceito de “quarto fechado”. “É um dos princípios do gênero policial. Ampliei para uma ilha. Tanto vítimas quanto autores estão lá. Isso possibilita delimitar o espaço”, explica. Outro naco do livro é conduzido pelo investigador Nelsão, em terceira pessoa.

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Os caminhos da prosa
O estilo narrativo enxuto de Carlos Marcelo vem tanto da longa experiência como jornalista quanto das principais referências literárias. Além da biografia do líder da Legião Urbana, o autor assinou “Nicolas Behr – Eu Engoli Brasília” (2008) e “O Fole Roncou! Uma História do Forró” (2012), livro coescrito com Rosualdo Rodrigues e finalista do prêmio Jabuti.

Marcelo admira os personagens misteriosos de Agatha Christie, autora favorita na infância e adolescência, e o realismo de Raymond Chandler. Entre os contemporâneos, ele destaca o cubano Leonardo Padura Fuentes, que teve seus primeiros romances reeditados recentemente pela Boitempo Editorial, e o carioca Luiz Alfredo Garcia-Roza.

“Não tinha planos de escrever ficção. Mas tanto no livro do Renato Russo quanto no ‘Fole Roncou’ há momentos que parecem ficção. Até na escolha da arquitetura narrativa. Como o narrador em tempo presente em ‘O Filho da Revolução’, recurso da ficção. ‘Presos no Paraíso’ é um mergulho numa forma narrativa libertadora, prazerosa”, descreve Marcelo.

“Presos no Paraíso” (Planeta, 288 páginas, R$ 39,90), de Carlos Marcelo
Sábado (3/6), às 17h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi (Lago Norte).

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