1 de 1 edições carolina unb
- Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
O mercado editorial foi um dos setores mais impactados pela crise econômica. A conjuntura atingiu em cheio a publicação de artigos acadêmicos realizados por alunos da Universidade de Brasília (UnB). De olho nesse cenário negativo, os membros do grupo de estudos em literatura brasileira contemporânea, coordenado pela professora da UnB Regina Dalcastagnè, decidiu fundar uma editora virtual.
As editoras pequenas estão falindo e as grandes não dão chance para publicações acadêmicas. Percebemos que deveríamos fazer algo para resolver o problema.
Regina Dalcastagnè
Assim surgem as Edições Carolinas, editora que já publicou seis obras desde sua inauguração – em abril deste ano. Os acadêmicos também desenvolveram três selos responsáveis por encampar diferentes tipos de livros. O primeiro, Crítica Literária, traz à tona teses e dissertações elaboradas dentro do grupo de estudos em literatura.
O Vida Cultural aborda textos que passeiam por outras disciplinas, como sociologia, história e arquitetura. Por fim, o Gavetas dá espaço a diários e livros de memórias feitos por desconhecidos que possam ter algum valor histórico e social. Este último ainda não lançou nenhuma obra.
“Buscamos trabalhos que fugissem do jargão acadêmico, voltados para um público interessado em aprofundar seus conhecimentos em literatura”, explica Berttoni Licarião, um dos responsáveis pela editora.
Conheça as obras já publicadas pelas Edições Carolina:
livro 1
"Tramoia: histórias de rendeiras", de Regina Dalcastagnè. A obra conta a história de três rendeiras de Florianópolis, focando a narrativa não em seu artesanato mas em suas vidas, desejos, decepções e alegrias.
Divulgação
livro 2
"A utopia da modernidade: Ouro Preto, Belo Horizonte, Brasília", de Maria Zilda Ferreira Cury. A obra trabalha com as identidades construídas para as três cidades que, segundo a autora, foram centros do país em tempos e conceitos diversos. Ouro Preto, como núcleo da sociedade escravocrata do Brasil colonial. Brasília como foco de um projeto de modernidade e futuro das décadas de 1950 e 1960 no país. Por fim, Belo Horizonte vista como uma mediação entre o arcaico e o futuro da igualdade democrática que não se realizou.
Divulgação
livro 3
"Entrada proibida: o relato de um refugiado", de Graziele Frederico. O livro traz o relato do refugiado Dagmawy Yimer. Ele saiu da Etiópia no final de 2005, entregou sua vida nas mãos de traficantes sudaneses e líbios. Foi preso e torturado. Pouco mais de um ano depois chegou a Lampedusa, a porta de entrada da Itália. Em 2009, outros como ele tentaram a travessia, mas não puderam desembarcar – naquele ano, a ilha siciliana fechou as portas para os imigrantes que chegavam da África.
Divulgação
livro 4
"Sexualidades questionadas em Caio Fernando Abreu", de Mariana Moura. O livro busca problematizar as questões da homossexualidade presentes nos textos do escritor, buscando compreender por que a orientação sexual se converteu em característica para definir sua obra, além de analisar as ambiguidades de um autor que escreveu nos anos 1970 mas continua fascinando leitores.
Divulgação
livro 5
"Olhando sobre o muro: loucura e literatura", de Gislene Barral. Para a autora, a loucura e literatura são fenômenos que movimentam linguagens próprias e transgressoras. Elas desautomatizam a norma rígida, seja ela a da linguagem da razão, seja a da denotação. Olhando sobre o muro tem como foco narrativas da literatura brasileira, publicadas a partir da década de 1950 até a contemporaneidade, e a construção estética e ética de personagens loucas.
Divulgação
livro 6
"Bazar Oió: História de uma livraria", de Lúcia Tormin Mollo. Sob os cuidados do livreiro Olavo Tormin, o Bazar Oió funcionou como ponto cultural de vanguarda para a cidade de Goiânia (GO), entre 1951 e 1974. Durante a ditadura militar, Tormin foi preso e a livraria precisou fechar as portas. A autora apresenta uma livraria que, fora do eixo nacional, exerceu papel relevante como espaço de resistência política e cultural. Essa história é pensada a partir do conceito de campo literário de Pierre Bourdieu.
Divulgação
0
Trabalho social
Para além de escapar à crise econômica, a editora tem como objetivo realizar uma revisão histórica e de estudos e obras colocadas de lado por questões de gênero e de classe social. “Queremos dar uma chance àqueles que nunca a tiveram antes”, explica a professora.
Todas as obras são vendidas em formato de e-book no site da Amazon por R$ 4,90. O valor visa garantir o acesso dos estudantes aos trabalhos publicados. Com o dinheiro da venda, a editora investe na equipe responsável pelas publicações, que somam 8 pessoas na comissão editorial e 10 no conselho editorial.
Fique por dentro!
Para ficar por dentro de tudo sobre o universo dos famosos e do entretenimento siga o Metrópoles Fun no Instagram.