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Debates da Flip foram marcados por vaias e manifestações políticas

O escritor sírio Abud Said criticou organizações de direitos humanos, mídia e intelectuais e foi vaiado. João Paulo Cuenca gritou do palco “Fora Temer!”

atualizado

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Reprodução Site Flip
Flip, Patrícia Campos Mello,  Abud Said
1 de 1 Flip, Patrícia Campos Mello, Abud Said - Foto: Reprodução Site Flip

A primeira mesa da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) no domingo (3/7), chamada Síria Mon Amour, teve de tudo, menos amor. O escritor sírio Abud Said dividiu o espaço com a jornalista brasileira Patrícia Campos Mello, especializada em coberturas de conflitos.

E a primeira frase que o autor falou foi: “não quero falar sobre a guerra”. Depois, ao criticar organizações de direitos humanos, meios de comunicação e intelectuais, Said foi vaiado (o que se repetiu ao fim da mesa)

Em outra mesa, a última mesa do evento, Mesa de Cabeceira, também foi marcada por manifestações políticas. O escritor João Paulo Cuenca, após ler trecho de Lima Barreto, gritou, no palco: “Fora, Temer”, “Fora, PMDB” e “Fora, Dornelles”. No final, alguém da plateia projetou no cenário: “Jamais Temer” e “Não Piso na Democracia”.

Não quero ficar aqui a falar do Estado Islâmico. Não tenho medo, mas não quero. Não existem direitos humanos, não existe jornalismo, o que existe são pessoas que querem ganhar dinheiro. Sou egoísta. Não quero ser a voz da Síria. Faz três anos que cansei. Não há uma sociedade mais doente do que a sociedade intelectual e de quem trabalha com direitos humanos

Abud Said, escritor

Elegante, Patricia disse concordar que os jornalistas, nessas coberturas, contam experiências pessoais, que não necessariamente refletem a realidade. “Só espero que o relato não seja muito deturpado, com a ajuda de vocês”, disse, se referindo ao povo sírio.

Ela está escrevendo um livro que conta a história da guerra contra o Estado Islâmico e a história de um casal que sobreviveu ao cerco a cidade de Kobani em 2014 (“Lua de Mel em Kobani”, que a Companhia das Letras deve publicar ainda este ano).

“Não tenho direito de ter medo”, explicou. “Há gente que mora lá, elas estão lá todo dia. Eu ter medo é uma coisa um pouco absurda”, comentou, sobre suas coberturas.

Said veio a Flip com o seu livro “O Cara Mais Esperto do Facebook” (Editora 34), que reúne alguns de seus posts — uma mistura de diário, comentários sarcásticos sobre a vida e observações irônicas. “Esses jornalistas e o pessoal da cultura só falam da guerra”, disse.

Estou feliz de estar aqui, é serviço cinco estrelas. Me levam para jantar e almoçar, ontem fiz sauna. Estou muito feliz. Sou sírio, mas não tenho nada a ver (com política)

Abud Said, escritor

Ele conta que abriu uma página no Facebook e começou a escrever um diário. “Não sabia que ia virar escritor e vir para o Brasil”, brincou. Ao contar histórias relacionadas à família, fez o público rir. “Comecei a escrever e aí o pessoal mais preparado me explicou que era literatura.”

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