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Ameaçados pela crise, sebos investem no on-line e apostam em temas sociais

Dados divulgados ao Metrópoles pela Estante Virtual mostraram que as vendas subiram em 50% de obras clássicas e não-ficção

atualizado

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Yanka Romão/ Metrópoles
Venda de livros em sebos
1 de 1 Venda de livros em sebos - Foto: Yanka Romão/ Metrópoles

Conhecidos pelos preços em conta, mesmo em obras clássicas que costumam ter um valor mais “salgado”, os sebos ganharam destaque em meio à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, após o fechamento de livrarias e a iminente crise econômica que tomou o país com a suspensão de comércios em geral. 

Como o mundo se virou para a internet, sebos on-line conquistaram ainda mais espaço durante o tempo de isolamento, já que permitem comprar livros de qualquer lugar do país sem quebrar a quarentena. 

A Estante Virtual, maior acervo de sebos do Brasil, revelou, em dados divulgados ao Metrópoles, que os principais destaques de vendas foram as categorias de literatura brasileira e estrangeira, que mais do que dobraram as vendas em relação a julho de 2019. Outras categorias que também cresceram acima da média foram história, biografias, sociologia, política, autoajuda, poesia e arte. Eles garantem ainda que a comercialização aumentou até 50% em julho, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo o site, entre os livros mais vendidos dos últimos dois meses estão Racismo Estrutural, de Silvio Almeida; Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, e grandes clássicos da literatura, como Quarto de Despejo – Diário de Uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus; e A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Vale lembrar que, além da pandemia, o mundo foi tomado por protestos antirracistas, como parte do movimento Black Lives Matter, o que ajuda a explicar a alta em venda de obras sobre o tema.

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“Neste período, os livros seminovos também foram muito procurados, com o equivalente a 70% das compras. Além de preços mais acessíveis, os exemplares seminovos carregam “histórias” de outros leitores e nostalgia, como, por exemplo, dedicatórias dos autores. Em setembro, o volume de visitas e buscas no site continuam bem altos, mesmo com a reabertura das atividades e do comércio. A tendência é que as vendas de livros de literatura siga crescendo, principalmente pela entrada de novos leitores, pessoas que estão aproveitaram o momento para se reconectar com a leitura”, pondera Erica Cardoso, gerente de comunicação e marketing da Estante Virtual.

Ela garantiu que, além das pessoas comprarem mais no âmbito on-line, vendedores de todo o país também incluíram suas lojas no site durante a pandemia. “Vender na Estante foi essencial para eles, porque muitos precisaram fechar as portas e não tinham e-commerce próprio e as vendas foram na internet. A gente fez a diferença significativa nesses vendedores. Então, quando falamos que a venda cresceu na Estante, refletiu também nos pequenos vendedores”, explica.

Contraponto

Como ficaram os sebos que precisaram ser fechados por conta da pandemia e não tinham a possibilidade de vender on-line? O Sebinho, localizado na Asa Norte, em Brasília, teve suas portas fechadas mediante decreto no final de março e a reabertura parcial apenas no início de julho. Ao Metrópoles, a empresa revelou que as vendas caíram em 80% durante a pandemia e que o impacto econômico foi sentido na pele.

Henrique Alves, responsável pelo Sebinho, comentou que grande parte de seu público era de idosos. Grupo de risco diretamente afetado pelo coronavírus, o empresário acredita que o medo de sair de casa ainda seja um dos principais motivos para a queda nas vendas, mesmo após a reabertura do espaço.

“O que mais estamos vendendo agora são romances best-sellers. Acredito que o perfil de pessoas que buscam livros mais antigos é de pessoas mais velhas e que muito provavelmente estão receosas em sair de casa, então não tem muitas solicitações por este produtos”, comentou.

“Esse movimento da maior busca por livros e, principalmente pelos temas buscados, passam um cenário muito positivo de que as pessoas querem ler sim, querem se aprofundar, querem sair de um debate mais raso. A gente vê crescimento por livros de não-ficção, temas sociais, diversidade cultural”.

Erica Cardoso, gerente de comunicação e marketing da Estante Virtual

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