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Review: Deathloop desenvolve um bom conceito e resultado é brilhante

O jogo chega a uma resposta interessante para esse dilema fundamental do videogame: levar a ideia do ciclo ao pé da letra

atualizado

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A maioria dos jogos se baseia em repetição, e o desafio de quem os produz é tornar este ciclo atraente, para dar sentido aos seus pulos, saltos, tiros e tomadas de decisão. Deathloop, novo jogo da Arkane (de Dishonored) e da Bethesda (Elder Scrolls, Fallout), chega a uma resposta interessante para esse dilema fundamental do videogame: levar a ideia do ciclo ao pé da letra.

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A ideia de Deathloop é simples: você está no comando de Colt, que, ao exemplo de clássicos do cinema como Feitiço do Tempo, está preso em um ciclo eterno no qual ele vive o mesmo dia. Mas existe uma pequena diferença: todos os habitantes da ilha de Blackreef, o cenário do game, querem sua cabeça. E toda vez que ele morre, volta ao início do mesmo dia.

Como jogador, você tem duas opções: entrar na pele de Colt e descobrir como quebrar o ciclo. Para fazê-lo, é preciso derrotar os oito Visionários, detentores de poderes especiais e segredos por trás dos mistérios de Blackreef.

Entretanto, você tem apenas 24 horas para fazê-lo, e aí é necessário viver vários ciclos e juntar as pistas deste quebra-cabeças interativo. Mas, é preciso ter cuidado: a líder dos Visionários, a jovem Julianna, é altamente perigosa e não vai parar até vê-lo morto (mais uma vez).

É aí que entra a segunda opção do jogo: escolher jogar como Julianna, abrindo um componente competitivo no qual você pode invadir os jogos de outras pessoas e atrapalhar seu progresso. Por outro lado, como Colt, você também pode optar por receber visitas de várias Juliannas, tornando cada fase um duelo arriscado contra oponentes imprevisíveis.

Imersão

Deathloop está na categoria das simulações imersivas, na qual cada componente do cenário é projetado para ter um tipo de reação diferente às ações do jogador. Qualquer barulho, rota escolhida, ou curso de ação tem uma consequência dentro da simulação. É um tipo de jogo que casa bem com outro gênero explorado aqui: o da ação furtiva, no qual passar despercebido pode ser uma alternativa mais eficiente para chegar a um local do que sair atirando para tudo que é lado.

E a estrutura narrativa de Deathloop é perfeita para quem não conhece (ou não gosta) desse estilo de jogo se encantar com suas melhores qualidades. Blackreef não é muito grande, com quatro mapas. Dependendo do momento do dia no qual você visita estes locais, há mudanças sutis, o que cria, de certo modo, dezesseis cenários diferentes.

Mas, dentro deles, as possibilidades são muitas e bastante divertidas. Seguindo um estilo de jogo que a Arkane aprimorou com os dois Dishonored – também no gênero de simulações imersivas – Colt vai adquirindo os poderes dos Visionários conforme os derrota, por meio de placas equipáveis. E elas são responsáveis por abrir vários caminhos divertidos na ação.

Com uma placa, você pode alterar as leis da gravidade para arremessar inimigos para onde quiser, pode se teleportar, ter invisibilidade temporária, ou “ligar” as vidas de vários oponentes para derrotá-los de uma tacada só.

O único problema de Deathloop é o seu receio em entregar o controle nas mãos do jogador logo de cara. O game gasta várias horas (e ciclos) explicando de maneira vagarosa seus conceitos, com uma infinidade de tutoriais e descrições, em uma tentativa de não afugentar jogadores que estejam com um pé atrás o gênero proposto pela Arkane, ou até mesmo evitar que as pessoas fiquem confusas.

Mas o que acontece é o efeito oposto. Deathloop é mais intuitivo do que seus desenvolvedores acreditam ser, eseu robusto conjunto de regras – e as ferramentas para quebrá-las – são mais do que suficientes para encantar o jogador. Vários ciclos depois, vi-me pulando diversos tutoriais desnecessários para retornar logo a ação que já estava muito bem explicada.

No aspecto técnico, o jogo também não decepciona como um dos primeiros representantes da nova geração de consoles. Inicialmente, o jogo está disponível para PS5 e PC, e dada a aquisição da Bethesda pela Microsoft, não é difícil imaginar que o título chegue ao Xbox tão logo acabe o contrato de exclusividade firmado entre a desenvolvedora e a Sony meses antes de fechar sua venda para a concorrente do PlayStation.

De todo modo, o ciclo constante de morte e renascimento é um bom teste para as capacidades de carregamento rápido do SSD, item de série que marca presença nos novos consoles. Caso você jogue no PC (como nós fizemos no teste do Metrópoles), vale instalar o jogo em um SSD para ter o mesmo carregamento rápido.

Deathloop está na corrida para ser indicado aos principais prêmios de Jogo do Ano, e sua exploração simples mas perfeita de um dos elementos mais básicos de qualquer game – a repetição – são uma prova de que um bom conceito às vezes é o suficiente para ser brilhante.

Avaliação: Excelente

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