Suspense atemporal, “Psicose” retorna aos cinemas
Obra-prima de Alfred Hitchcock, clássico dos anos 60 narra a jornada de uma moça hospedada no motel mais sinistro de todos os tempos
atualizado
Compartilhar notícia

Obra-prima de Alfred Hitchcock, “Psicose”, de volta às salas de cinema, foi o filme que deu mais prazer ao mestre do suspense de realizar. Curiosamente, foi uma de suas produções mais experimentais e baratas – custou apenas US$ 800 mil, – e responsável por dar uma guinada de 360 graus em sua carreira. Aos sessenta anos, no auge do sucesso como homem de cinema, Hitch se deu ao luxo de se reinventar, embriagando-se do melhor sangue novo.
Mas para colocar o filme no rolo o cineasta, mesmo com todo o prestígio e poder adquiridos ao longo de mais de 50 trabalhos realizados, passou maus bocados. Ninguém queria saber de colocar dinheiro numa história sobre um tarado com uma faca na mão que se vestia igual a sua adorada mãe. Contudo, o que mais despertou interesse em Hitchcock foi justamente a natureza bizarra da trama, cujo ápice estava no icônico assassinato do chuveiro.
“Acho que a coisa que mais me atraiu e que me fez decidir fazer o filme foi o inesperado do assassinato no chuveiro, que veio de repente, de lugar nenhum”, revelou anos depois.
Diretor se deleitava em matar a mocinha na metade do filme
Baseado em livro homônimo de Robert Bloch – que por sua vez teve trama norteada por crimes hediondos cometidos por um serial killer no estado de Wisconsin, em 1957 -, o filme conta a história de perversões sexuais e perturbações psicóticas de Norman Bates (Anthony Perkins). Ele é o solitário gerente de um motel de beira de estrada que vive sozinho com sua mãe e acaba se envolvendo com uma simpática ladra que ali chega numa noite fria e chuvosa.
Mas em se tratando de Alfred Hitchcock e, especificamente nesse projeto, o tema pouco importava. Essencialmente um diretor técnico, o que estava em jogo em cena era a combinação perfeita e eletrizante que o cineasta fez no uso de uma montagem precisa, fotografia eficiente e trilha sonora perturbadora que une com elegância, num mesmo enredo, terror, suspense e obsessões depravadas.
“Achei que podia me divertir fazendo essa experiência. Creio que, para nós, é uma grande satisfação usar a arte cinematográfica para criar uma emoção de massa. E, com ‘Psicose’, realizamos isso”, admitiu.
O que explica, por exemplo, o planejamento e dedicação quase cirúrgicos na famosa cena do chuveiro, que consumiu sete dias de filmagens para uma sequência que dura apenas 45 segundos nas telas. A mesma atenção dada na montagem e sonorização desse plano contribuiu para que o momento se eternizasse no inconsciente de milhares de pessoas, passados 55 anos.
O domínio que o diretor tem da narrativa, do começo ao fim, salta aos olhos em “Psicose”. Daí o prazer quase sádico que Hitchcock tinha de mostrar, em cena, que a mocinha bonitinha interpretada por uma atriz famosa chega ao fim com um terço de filme. Era como se ele dissesse naquele seu jeito cínico e bonachão. “Não vão embora que o final traz revelações mais surpreendentes ainda”.
Avaliação: Excelente
Veja salas e horários de “Psicose”.