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Monique Gardenberg: “Falei de liberdade e amor em um mundo brutal”

A diretora de Paraíso Perdido comenta sobre as motivações para obra que já é sucesso de crítica

atualizado

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Felipe Panfili/Divulgação
Monique Gardenberg
1 de 1 Monique Gardenberg - Foto: Felipe Panfili/Divulgação

Onze anos longe dos cinemas e o desejo incontrolável de voltar ao set. “Vou escrever uma história minha, na qual não dependa de ninguém”, esse foi o gatilho da cineasta Monique Gardenberg para dar início à produção de Paraíso Perdido. O longa teve boa acolhida junto à crítica brasileira e engrossa o coro por tolerância em período onde a representatividade de gêneros se faz tão necessária.

Com elenco estrelado – Seu Jorge, Erasmo Carlos, Lee Taylor, Julio Andrade, Jaloo e Marjorie Estiano –, Monique apresenta uma família alheia às convenções sociais, mas em total sintonia com os verdadeiros critérios de familiaridade: vida doada e partilhada, em espírito de fraternidade, acolhimento, perdão e reconciliação.

Do imaginário da diretora, nasceu um oasis de liberdade intitulado Paraíso Perdido. Uma boate onde os traumas causados pela violência doméstica ou por agressões homofóbicas são superados com altas doses de amor. “Eu vejo a angústia de pessoas que vivem situações semelhantes as dos personagens. A ideia foi passar a naturalidade das paixões, seja entre pessoas do mesmo sexo ou não”, explica Monique ao Metrópoles.

 

Facebook/Reprodução
Marjorie Estiano, Monique Gardenberg e Hermila Guedes nos bastidores de Paraíso Perdido

 

A cineasta diz ter entrado em um processo de delírio ao ouvir Impossível Acreditar que Perdi Você, canção imortalizada por Márcio Greyck. “Eu fechei os olhos e vi uma mulher no camarim da boate, chorando em frente ao espelho, enquanto retocava a maquiagem”, relembra.

Tendo clássicos do cancioneiro popular como inspiração, a roteirista criou as mulheres que, juntas, formam o pilar do filme: Celeste (Julia Konrad), Eva (Hermila Guedes), Nádia (Malu Galli), Milene (Marjorie Estiano) e a drag queen Imã (Jaloo).

A música brega, aliás, não está só na trilha sonora assinada pelo cantor e compositor Zeca Baleiro, mas na própria narrativa do longa – argumento perfeito para um sucesso de Reginaldo Rossi: o homem arrependido de não perdoar a traição da amada. “Eu não tinha noção do enredo completo quando comecei a escrever. Minha única certeza era a vontade de falar do universo dessas canções”, ressalta Monique.

 

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A presença de nomes conhecidos dos cinéfilos, como Júlio Andrade, Lee Taylor, Humberto Carrão, Seu Jorge e até do Tremendão Erasmo Carlos, enriquece a experiência da plateia. Contudo, a grata surpresa fica por conta da estreia consistente do cantor e compositor Jaloo.

Antes de escolher Jaloo para um dos papéis de maior destaque da trama, Monique estudou e observou os cantores Johnny Hooker e Liniker. Mas, segundo ela, o paraense tinha leveza, luz e magnetismo essenciais para compor Imã. “Eu vi nele pureza, sensibilidade e sinceridade que me lembravam a Cléo Pires”, afirmou, referindo-se à escalação da filha de Glória Pires para Benjamin (2004).

A diretora está confiante no boca a boca para lotar as salas de cinema de todo o país. “Esse sentimento bom de nostalgia das músicas e de liberdade é tudo o que os brasileiros precisam neste momento”, conclui a cineasta em fase de filmagem de Ó Pai, Ó 2, desta vez, sem a presença de Wagner Moura.

 

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