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“Fraturas sociais estão presentes até hoje”, diz diretor de “Joaquim”

Em entrevista, diretor pernambucano Marcelo Gomes fala sobre como foi humanizar o mito de Tiradentes no longa “Joaquim”

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REC Produtores/Ukbar Filmes/Divulgação
Januário (Rômulo Braga), Joaquim (Julio Machado) e Mathias (Nuno Lopes) – Copyright REC Produtores and Ukbar Filmes
1 de 1 Januário (Rômulo Braga), Joaquim (Julio Machado) e Mathias (Nuno Lopes) – Copyright REC Produtores and Ukbar Filmes - Foto: REC Produtores/Ukbar Filmes/Divulgação

“Joaquim” estreia no circuito brasileiro com um timing ideal. Além de se posicionar pertinho do feriado de Tiradentes (21 de abril), o novo longa do pernambucano Marcelo Gomes explora o Brasil Colônia para retratar Joaquim José da Silva Xavier como um homem comum. “Me interessou saber como um soldado da coroa se transformou em rebelde”, diz o cineasta.

Não por acaso, o filme é intitulado “Joaquim”, como a história atemporal de qualquer brasileiro. A primeira cena já desenha o que se verá a seguir. Com a cabeça de Tiradentes num toco de madeira, uma narração em off do próprio personagem repassa brevemente a revolta e a morte do revolucionário.

“Apenas eu perdi a cabeça. Talvez por ser o mais pobre, o mais exaltado”, revela Joaquim, vivido no filme pelo paulista Júlio Machado. A narrativa dá ênfase à metamorfose do personagem em um país mergulhado em contradições sociais. Como Joaquim, de alferes de Portugal, tornou-se um dos líderes da Inconfidência Mineira?

As origens de Tiradentes e o nascimento do Brasil
A inexistência de documentos históricos sobre essa transformação levou Gomes a misturar realidade e ficção. “Consultei materiais sobre o dia a dia do Brasil colonial. Como as pessoas conversavam, se relacionavam. A partir das leituras, imaginei como seria a mudança de paradigma de Joaquim. É mais uma crônica do que uma novela histórica”, aponta o recifense.

Gomes, que venceu o Festival de Brasília 2012 com “Era uma Vez Eu, Verônica”, aproveitou as lacunas factuais para estudar a pesada herança do colonialismo. “As fraturas sociais desse Brasil Colônia estão aqui até hoje. A corrupção, o nepotismo, o racismo”, diz. “Hoje falamos de crise política, que também vem com uma crise existencial. Nada melhor que mergulhar no passado para tentarmos entender o presente”.

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No filme, Joaquim adquire consciência social quando se permite reconhecer a diversidade ao seu redor. Apaixona-se pela escrava Preta (vivida pela portuguesa Isabél Zuaa) e tem o mestiço Januário (Rômulo Braga) como melhor amigo. Ainda assim, é um homem contraditório, cuja principal frustração é não obter o cargo de tenente pelo exército português.

Para o ator Julio Machado, as ambiguidades de Joaquim metaforizam a maneira como o país se enxerga no espelho. “O Brasil sempre tenta se encaixar numa ideia de identidade. Às vezes na Europa, nos Estados Unidos. Sempre de costas para a América Latina, tão colada na gente”, reflete o intérprete.

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