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Crítica: Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos é debate frio sobre a visão

Com direção e roteiro de Paulo Nascimento, longa nacional explora conflitos emocionais de um deficiente visual

atualizado

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Paris Filmes/Divulgação
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1 de 1 reddestaque1 - Foto: Paris Filmes/Divulgação

Em Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos, filme com estreia para esta quinta-feira (3/5), o cineasta Paulo Nascimento mantém a conduta de fugir das batidas comédias brasileiras, gênero blockbuster do cinema nacional. Como em A Oeste do Fim do Mundo (2014), o diretor insiste na veia dramática como sua principal fonte de inspiração. Desta vez, porém, ele falha na condução da narrativa e desafia o espectador a mergulhar às cegas em uma história mal explicada.

A obra narra a história de Vitório (Edson Celulari), um pizzaiolo do Bixiga – bairro das cantinas de São Paulo. Deficiente visual de nascença, Vitório está completamente adaptado às condições em que vive e não sente vontade de enxergar. Independente, o personagem faz quase todas as tarefas sozinho e é cercado de pessoas dispostas a lhe ajudar a transpor as demais barreiras do dia a dia, a começar pela esposa. Clarice (Soledad Villamil); a filha, Alicia (Giovana Echeverria), e o faz-tudo da pizzaria, Cleomar (Leonardo Machado).

As coisas começam a sair dos trilhos quando o restaurante da família é assaltado. Os criminosos aproveitam o fato de Vitório estar sozinho no estabelecimento e, além de roubarem o local, zombam da condição do pizzaiolo. Esse fato é o estopim que Clarice precisa para tentar convencer o marido a fazer parte de um tratamento experimental com a promessa de lhe devolver a visão. A decisão de optar pela cirurgia, desencadeia um conflito do cozinheiro consigo mesmo e com a família, incapaz de entender sia resistência ao procedimento.

 

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É difícil um ator desvincular-se de trabalhos tão populares na TV, mas o tempo de pesquisa e a mudança física vivida por Celulari – que engordou cerca de 20 quilos para dar vida ao pizzaiolo quarentão –, compensam o esforço. Convincente no papel de um deficiente visual, Edson só derrapa vez ou outra e, geralmente, atrapalhado por diálogos tapa-buracos e extremamente clichês do roteiro de Nascimento.

Confira o trailer:

O mesmo acontece com Soledad Villamil. É pesaroso ver o talento da argentina ser tão mal aproveitado. Demora para que seja estabelecido um vínculo amoroso entre o casal. A relação está mais fraternal que de dois amantes. Outra falha: por acaso cegos não fazem sexo? E não só por isso, mas a própria situação entre mãe e filha é fria.

Pouco se sabe também sobre o ajudante interpretado por Leonardo Machado, além do fato de ele viver nos fundos do restaurante e contar mentiras pequenas, mas bem-intencionadas, para manter o chefe em uma bolha de felicidade. É preciso reconhecer que as doses de humor aplicadas à amizade de Cleomar e Vitório dão fôlego à produção, quando a mesma está tediosa.

Avaliação: Regular

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