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Crítica: “Suburbicon” é crônica simplista disfarçada de sátira esperta

Filme dirigido por George Clooney reúne Matt Damon, Julianne Moore e Oscar Isaac em thriller suburbano ambientado nos anos 1950

atualizado

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Hilary Bronwyn Gayle/Paramount/Divulgação
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1 de 1 suburbicon - Foto: Hilary Bronwyn Gayle/Paramount/Divulgação

Três anos após o morno “Caçadores de Obras-Primas” (2014), o ator George Clooney volta à direção com “Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso”, talvez seu filme mais ambicioso. Longe do melhor momento como cineasta, quando assinou “Boa Noite e Boa Sorte” (2005) e “Tudo pelo Poder” (2011), ele tenta debater as questões raciais nos Estados Unidos enquanto satiriza a América branca suburbana.

Clooney viveu alguns de seus melhores momentos como ator em filmes dos irmãos Ethan e Joel Coen – “Ave, César!” (2016), “Queime Depois de Ler” (2008) e “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?” (2000). Desta vez, ele adapta roteiro da dupla famosa, entre outras coisas, por subverter gêneros clássicos (sobretudo thriller e comédia) em prol de crônicas ácidas e paranoicas sobre a cultura americana.

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No escaldante verão de 1959, a família Lodge vê seu cotidiano virar do avesso após dois criminosos invadirem a casa. Gardner (Matt Damon), vice-presidente de uma instituição financeira, perde a esposa, Rose (Julianne Moore), morta por overdose de clorofórmio.

Ele retoma a vida aparentemente perfeitinha no subúrbio com Nicky (Noah Jupe) e Margaret, cunhada e irmã gêmea de sua falecida mulher. Paralelamente a uma trama que aos poucos revela camadas perturbadoras dos Lodge, vemos como a comunidade de Suburbicon, o bairro, recebe a chegada de uma família negra à região.

Quando o comentário social vira jogral
Os Mayers são perturbados dia e noite pelos vizinhos racistas. Até uma cerca é erguida para separar o quintal dos novos moradores do resto da comunidade. Curiosamente, Clooney renega esse núcleo à condição de mero coadjuvante. Os pais de Andy, novo amiguinho de Nicky, sequer recebem tratamento nominal na trama.

Se a intenção de Clooney era espelhar duas faces nefastas da América branca – a sanha racista de uns e o hipócrita teatro cordial de outros –, falhou em praticamente todos os sentidos.

A chave dramática de “Suburbicon” é parecer caricatural de propósito. Um thriller cômico sobre brancos disfuncionais incapazes de pensarem para além de seus próprios quintais bem regados e cuidados.

Mas o filme, ao contrário dos melhores longas dos irmãos Coen, como “Onde os Fracos Não Têm Vez” (2007) e “Fargo” (1997), prefere apenas a aparência de sátira: viradas de roteiro, fotografia competente no retrato de época, atuações exaltadas (só Oscar Isaac e Noah se salvam). Falta a “Suburbicon” o estofo de sutileza que diferencia o jogral carnavalesco do instigante comentário social.

Avaliação: Ruim

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