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Crítica: “Os Parças” reúne estrelas da comédia, mas humor não convence

Golpistas da Rua 25 de Março, personagens de Tom Cavalcante, Tirullipa, Whindersson Nunes e Bruno de Luca tentam realizar casamento chique

atualizado

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Jarrod Bryant/Divulgação
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1 de 1 JarrodBryant_OsParças-287 baixa_0 - Foto: Jarrod Bryant/Divulgação

Na teoria, “Os Parças” funciona como uma espécie de filme de super-heróis na farta produção de comédias brasileiras. Reúne astros de diferentes gerações do humor popular: Tom Cavalcante, Tirullipa e Whindersson Nunes, e completa o Quarteto Fantástico da zoeira com o ator e apresentador Bruno de Luca.

A ideia é usar o longa como veículo para que os astros tenham passe livre para improvisar e explorar rotinas cômicas das mais diversas. Eles se vestem de mulher, fazem piadas sobre estereótipos de nordestinos e paulistas, tiram onda com o nariz de um (Cavalcante) e os olhos de outro (Tirullipa).

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Escrita por Claudio Torres e dirigida pelo cearense Halder Gomes (das comédias independentes “Cine Holliúdy” e “O Shaolin do Sertão”), a trama, digna de programa humorístico de TV aberta, ambienta a ação na Rua 25 de Março, em São Paulo.

Whindersson e Tirullipa aplicam pequenos golpes para fazer algum dinheiro, enquanto o personagem de Cavalcante trabalha como locutor de uma loja de departamentos. Com pinta de nerd, Bruno de Luca é o único funcionário da empresa de casamentos administrada por Oscar Magrini.

Grandes nomes, potencial desperdiçado
Eis que o pilantra interpretado por Magrini engana o quarteto direitinho. Fecha negócio com Vacário (Taumaturgo Ferreira inspiradíssimo), temido mafioso atuante na 25 de Março, para organizar o casamento da filha do figurão, Cintia (Paloma Bernardi).

Assim que recebe a grana, o bon vivant Magrini sai de cena. Sem dinheiro, os espertalhões vividos por Cavalcante, Whindersson, Tirullipa e Luca precisam usar a malandragem das ruas e a típica criatividade brasileira para produzir uma festa de luxo e garantir a sobrevivência.

https://www.youtube.com/watch?v=X7d5B632ZFo

“Os Parças” decepciona mesmo dentro da proposta de uma comédia escrachada sem grandes pretensões estéticas e narrativas. O filme desperdiça até mesmo seus promissores coadjuvantes. Ricardo Macchi, eterno cigano Igor, faz um dos capangas de Vacário, mas é limitado a diálogos reativos. Outro personagem subaproveitado é o traficante colombiano interpretado por Carlos Alberto de Nóbrega.

As cenas realmente engraçadas são esparsas e em geral envolvem o carisma do veterano Tom Cavalcante, ora encarnando uma professora de dança alemã ora homenageando Jerry Lewis como um garçom equilibrista na festa de casamento. Até o clássico bebum João Canabrava comparece para alegrar uma cena de bar.

Resolvido com dispensáveis soluções românticas, o roteiro ainda arruma tempo para articular breves participações de Wesley Safadão – que convence como um motorista de aplicativo de carona – e do parça-mor Neymar, numa cena pós-créditos tão picareta quanto os golpistas vistos no filme. “Os Parças” acumula elementos cômicos (estrelas, clichês regionais, tiradas), mas pouco faz rir.

Avaliação: Ruim

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