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Crítica: “O Destino de uma Nação” mostra poder da mobilização política

Com atuação destacada de Gary Oldman, longa narra os primeiros vultos da Segunda Guerra Mundial pelo olhar do ex-primeiro-ministro Churchill

atualizado

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Universal Pictures/Divulgação
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1 de 1 o destino de uma nação filme2 - Foto: Universal Pictures/Divulgação

Se há alguns meses “Dunkirk” narrou a Segunda Guerra Mundial por um ponto de vista tecnicista, transformando a Operação Dínamo em um espetáculo de três escalas distintas (terra, mar e ar), “O Destino de uma Nação” visualiza o conflito em tensas conversas de gabinete, debates inflamados e mobilizações políticas.

Para encarnar o papel do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, Gary Oldman tomou um “banho” de maquiagem que consumiu algumas centenas de horas.

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Some o apuro da produção a uma grande atuação, e o resultado é o seguinte: um veterano da indústria com currículo repleto de grandes performances (“Drácula de Bram Stoker”, “O Profissional”), só uma vez indicado ao Oscar (“O Espião que Sabia Demais”) e agora com chances reais de estatueta.

Acostumado a comandar filmes de época, como “Desejo e Reparação” (2007) e “Orgulho e Preconceito” (2005), Joe Wright praticamente entrega a direção do filme a Oldman. O ator conduz o longa em cada gesto de rabugice e destreza em um teatro político assombrado pela cruzada de Hitler e seu exército nazista rumo à ilha.

“O Destino de uma Nação” se desenrola em uma narrativa aparentemente enxuta: vemos Churchill assumir o cargo de primeiro-ministro sob desconfiança e, dia a dia, traçar estratégias, mobilizar aliados e aplacar rivais que almejam firmar um tortuoso acordo de paz com Hitler – o que não garantiria sossego nenhum, na verdade.

O grande problema de Wright é a falta de traquejo criativo para lidar com o desespero invisível dos mais de 300 mil soldados (quase a totalidade do exército britânico) que aguardam resgate (ou extermínio por mãos nazistas) nas praias e nos portos de Dunquerque, na França.

Já vista com potência sonora e visual em “Dunkirk”, essa desolação só parece servir a um certo propósito rasteiro em “O Destino de uma Nação”: a estruturação da Operação Dínamo não como gesto de lucidez política – algo que certamente o filme não procura atingir –, mas na forma de ato de bravura, de entretenimento que paga de sisudo.

Somados, os bunkers políticos de “O Destino de uma Nação” e a algazarra militaresca de “Dunkirk” poderiam formar uma espécie de Universo Cinematográfico Pós-Brexit. O cinema que respira orgulhos do passado para inspirar uma suposta autenticidade patriótica do presente.

Avaliação: Regular

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