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Crítica: “O Castelo de Vidro” narra risos e dores de família incomum

Inspirado em livro autobiográfico, drama narra infância de escritora criada em um lar de pais divertidos, anárquicos, mas problemáticos

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Baseado em best-seller autobiográfico, “O Castelo de Vidro” tenta combinar o espírito anárquico (e um tanto irresponsável) de uma família de nômades com as percepções mutantes (a depender da fase da vida) da escritora Jeannette Walls, tanto protagonista quanto autora do livro e narradora da história.

Rex (Woody Harrelson) e Rose Mary (Naomi Watts) criam os quatro filhos como bem entendem. Ele é sujeito inteligente, parece saber de tudo um pouco, mas o alcoolismo tira qualquer possibilidade de emprego fixo. Ela sequer esboça procurar trabalho e nutre a esperança de que sua arte dê dinheiro algum dia.

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É nesse ambiente que cresce Jeannette (Brie Larson, Oscar por “O Quarto de Jack”, na fase adulta), a segunda mais velha de quatro irmãos. Eles mudam de cidade como quem troca de roupa, mal têm o que comer e o que vestir, mas se escoram, sobretudo ela, em promessas vazias do pai. Uma delas é justamente o projeto de um Castelo de Vidro, que seria a futura casa da família.

Apesar do elenco aparentemente infalível, o filme adota a ingênua fórmula de contar a infância problemática e a vida adulta bem-sucedida ao mesmo tempo, até que as narrativas encostem uma na outra.

A grande família: amá-la ou odiá-la?
Destin Daniel Cretton, diretor que também trabalhou com Brie no superestimado indie “Temporário 12” (2013), também parece perdido quanto a que tom adotar. O filme modula de “A Pequena Miss Sunshine” (2006) a “Capitão Fantástico” (2016) com tremenda facilidade, e isso está longe de ser um mérito.

“O Castelo de Vidro” pode até contar uma história única de vida, mas o jeito de narrar soa banal. Cretton justapõe uma passagem difícil da infância ou adolescência com o reflexo desse mesmo momento na Jeannette adulta. Mais pueril do que isso, impossível.

Lá pelas tantas, o cineasta apela até para a clássica rasteira de roteiro, tão usada por comédias românticas nos anos 1990, de mostrar a protagonista largando tudo para um instante de reconciliação.

Jeannette ainda não sabe se ama ou odeia os pais, se regurgita ou aceita a criação que recebeu. Uma pena que o filme ande mais interessado em forçar uma catarse emocional do que nos complexos ajustes de expectativa e mecanismos emocionais forjados por uma genuína sobrevivente de família.

Avaliação: Regular

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