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Crítica: novo Maria e João traz ar macabro para adaptar clássico

Com o subtítulo O Conto das Bruxas, nova versão de história dos Irmãos Grimm tem assinatura do cineasta Oz Perkins

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Imagem Filmes/Divulgação
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Maria e João: O Conto das Bruxas, nova adaptação da história clássica dos Irmãos Grimm que nada tem a ver com João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013), estreia nos cinemas numa época favorável aos filmes de bruxas. Ou, para ampliar o subgênero de terror, o terror folk, apegado a lendas medievalescas e paragens pastoris.

Nos últimos anos, em meio a longas baseados em Stephen King e ramificações da franquia Invocação do Mal, chegaram produções como A Bruxa (2015), O Apóstolo (2018) e Midsommar (2019), entre outros títulos.

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Com roteiro de Rob Hayes e direção de Oz (ou Osgood) Perkins, primogênito do lendário Anthony Perkins (Psicose), a historinha de duas crianças atraídas pela casa feita de doces de uma bruxa canibal ganha contornos góticos e ainda mais macabros.

Em uma ambientação sem data precisa, mas com toda a vibe opressora de Idade Média, Maria (Sophia Lillis) e João (Samuel Leakey) vivem numa terra dominada pela brutalidade e pobreza. Após a morte do pai, a mãe parece gastar seus dias como um fantasma de carne e osso, fitando as paredes.

Lá fora, há uma constante ameaça pestilenta prestes a se abater sobretudo aos mais pobres. Maria recebe uma oportunidade de emprego como empregada doméstica, mas logo declina quando o entrevistador revela suas reais intenções pervertidas.

A mãe surta de vez e os irmãos se veem obrigados a zanzarem sozinhos na floresta em busca de abrigo e comida. Até que, um dia qualquer, encontram a casa da senhora Holda (Alice Krige). E, lá dentro, um banquete como jamais viram.

Também diretor de A Enviada do Mal (2015) e do título Netflix O Último Capítulo (2016), Perkins consegue o “milagre” de não aderir completamente ao pós-horror, tendência de A Bruxa (2015), Midsommar (2019) e outros filmes que gera elogios e reprimendas de críticos e espectadores.

Para os detratores, o estilo funciona como uma espécie de “terror envergonhado”. Os fãs veem nessa febre uma bem-vinda renovação do gênero. Maria e João talvez satisfaça ambos os lados. Exibe toda uma pompa atmosférica “poética” bem acabada, mas não dispensa a construção de sequências tensas e objetivamente arrepiantes.

Essa preocupação com estilo, porém, parece se sobrepor ao ritmo da narrativa. Perkins distribui close-ups expressivos e planos abertos rodados com grande angular para dar um ar sufocante ao que filma.

Ao mesmo tempo, as extensas narrações em off e o excesso de cenas de visões e pesadelos, por exemplo, expõem o quanto o filme recorre a cartadas convenientes para mover a trama adiante. Uma historinha sinistra e monótona contada em lindas molduras.

Avaliação: Regular

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