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Crítica: Batman mostra outro (e ótimo) lado do Homem-Morcego

Apostando em lado pouco abordado do herói, Matt Reeves entrega um Batman em construção e uma trama atual sobre desigualdade e extremismo

atualizado

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Warner/Divulgação
Batman em cena do filme de Matt Reeves, com Robert Pattinson
1 de 1 Batman em cena do filme de Matt Reeves, com Robert Pattinson - Foto: Warner/Divulgação

É válido se perguntar o que mostrar no 9º filme solo do Homem-Morcego? Faz (ainda) sentido falar sobre a origem, a morte dos pais? Matt Reeves com seu Batman acerta completamente ao negar esse caminho e tentar abordar uma nuance diferente do personagem. Assim, a escolha do protagonista Robert Pattinson é precisa para a narrativa pretendida pelo diretor.

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Pattinson – que injustamente sofre com o estigma do trabalho na franquia Crepúsculo – entrega um Batman inseguro, em dúvida, em formação. Matt Reeves mostra o herói em construção, com dois anos de “carreira”, e se questinando qual sua missão em uma Gothan City que parece só piorar. Tudo isso em meio a uma trama de detetive, de perseguição a um psicopata, com muita inspiração em David Fincher.

A escolha do diretor e do protagonista é colocar um Batman sem aquele exagero de apetrechos: um batmóvel simples mais útil, tal qual a batmoto. O personagem encarna o grande detetive dos quadrinhos e menos o porradeiro insano dos filmes. Por isso, a fotografia é escura o tempo todo, combinando com o tal “animal noturno”, que sempre surge dos cantos, andando irreconhecível em meio a multidão.

Se o Batman está em formação, ainda falho e entendendo seu lugar no mundo, o mesmo vale para Bruce Wayne: o bilionário começa a questionar seu próprio papel na sociedade. Por isso, ao contrário do playboy pegador, Reeves apresenta um jovem inseguro, comedido e sombrio (emo? Só o tempo dirá…).

O mundo atual

Batman diáloga com o mundo contemporâneo: o vigilante é confrontado com a noção de que os valores morais mudam a depender em que lugar da pirâmide social você se encontra. Para isso, a Mulher-Gato (Zoë Kravtiz) tem papel fundamental, funcionando como um par de oposição ao protagonista.

A escolha do Charada (Paul Dano) como vilão é um acerto, ao mostrar que, além da discussão sobre a desigualdade social, o longa quer debater a ascenção de grupos radicalizados, compostos por homens inconformados com a própria mediocridade.

Se as mensagens são contemporâneas e importantes, o roteiro falha justamente em condensar tudo em um desfecho impactante. Matt Reeves opta por muitas sequências expositivas, no qual a mensagem aspiracioanl do Batman é dita e não mostrada. O que funciona muito bem no primeiro ato (na explicação sobre o medo como forma de controle), falha no encerramento (quando o herói, literalmente, fala o que ficou claro nas cenas anteriores).

Essas redundâncias geram um filme imenso, com 3 horas, que se perde na própria ambição e perde a chance de contar uma história coesa e mais impactante.

Mesmo com essa falhas, Batman é, inegavelmente, um produto que se mostra diferente no universo crescente de filmes de herói. Traz peso, discussão e consequências, em oposição ao ambiente quase estéril das produções Disney/Marvel. Mas, é uma pena, que Reeves não consiga (por limitações variadas) ir ao cabo da sua mensagem principal.

P.S.: Vale mencionar o bom trabalho do elenco de apoio com Jeffrey Wright (Comissário Gordon), Colin Farrell (Oswald Cobblepot/Pinguim), Andy Serkis (Alfred Pennyworth) e John Turturro (Carmine Falcone).

Avaliação: Ótimo

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