Cineastas do DF transformam em filme o inesperado fim da Super Rádio FM

Em 30 de abril de 2018, a Brasília Super Rádio FM, fundada em junho de 1980, encerrou seus trabalhos. Neste dia, a transmissão informou no intervalo comercial que, a partir daquele momento, passaria a se chamar Alpha FM. Focada em música clássica e erudita, a estação desapareceu sem mais explicações. E foi pensando em resgatar a memória deste importante marco da cultura do Distrito Federal que estudantes da Universidade de Brasília (UnB) criaram o filme Rádio Capital Alvorada.

O curta, que estreia neste domingo (16/8), reconta os últimos momentos da Brasília Super Rádio FM. Além disso, é uma homenagem às antigas emissoras que marcaram o cenário da radiodifusão brasiliense. O filme acompanha o último dia de operação da fictícia Capital Alvorada a partir do ponto de vista de seus ouvintes, que não foram previamente informados do fim daquele canal.

Trabalho de conclusão de curso de Rafael Stadniki e Maria Luiza Munhoz, ambos alunos do curso de Comunicação Social da UnB, o curta faz sua estreia na Mostra Sesc Viva a Cultura, às 20h, neste domingo. O evento será on-line e a transmissão ocorrerá no canal do YouTube do Sesc-DF.

“Ainda na faculdade eu lembrei que tinha uma rádio aqui em Brasília que minha avó escutava muito. Foi uma coisa bem curiosa, porque apesar de eu escutar a rádio do meu carro, não fiquei sabendo que estava nos seus últimos dias. Não teve uma comoção muito grande na cidade, só chegou ao fim”, relata Rafael, diretor e roteirista do curta, ao Metrópoles.

Assista ao trailer do filme:

O elenco é formado tanto por alunos da UnB como por atores profissionais. Já as filmagens, segundo Rafael, foram finalizadas antes da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. 

Eu espero de coração que as pessoas se identifiquem com o filme. Foi feito com muito carinho. Nem todo mundo [do elenco] conhecia a estação, mas todos se interessaram. Espero que os fãs da rádio se identifiquem e pretendo mostrar às novas gerações o que eram as rádios antigas. É uma tentativa de resgate de memória antes de qualquer prêmio

Rafael Stadniki, diretor e roteirista do filme

Filme Rádio Capital Alvorada

O curta-metragem Rádio Capital Alvorada se inspira na história da Brasília Super Rádio FM Divulgação/ Nelma Fernanda

Filme Rádio Capital Alvorada

Os projeto foi feito para uma conclusão de curso na Universidade de Brasília (UnB) Divulgação/ Nelma Fernanda

Filme Rádio Capital Alvorada

O filme estreia neste domingo (16/8), na Mostra Sesc, às 20h Divulgação/ Nelma Fernanda

Filme Rádio Capital Alvorada

Bastidores das gravações Divulgação/ Nelma Fernanda

Rafael Filme Rádio Capital Alvorada

Rafael Stadniki, diretor e roteirista do filme Divulgação/ Nelma Fernanda

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Era on-line

Uma das tantas mudanças que a pandemia do coronavírus implantou no “novo mundo” foi a relevância da internet como um meio de continuar em uma vida normal e, ainda assim, manter o distanciamento social. Por isso, os festivais de cinema espalhados por todo o mundo alteraram sua programação, regras de elegibilidade e exibição de longas que podem ser feitos via streaming ou televisão. 

Além da Mostra Sesc, Rádio Capital Alvorada estará no Festival de Cinema de Caruaru, além do Cindie Festival, um festival criado especificamente no período da pandemia para que seja promovido completamente on-line. Rafael ainda torce para que o curta chegue ao Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Com a alteração causada pela pandemia, as produções chegam cada vez mais rápido ao público pela disponibilização digital. O Metrópoles mostrou que, principalmente no período da pandemia, as plataformas de streaming bateram alguns canais de televisão aberta no quesito audiência e ganham ainda mais força com a alteração nas regras de lançamento de filmes, como é o caso do live-action de Mulan, que chega exclusivamente ao Disney+, plataforma de streaming da Disney.

Rafael, porém, acredita que a era on-line ainda pode ser um problema no quesito recebimento do público ao novo projeto. “Eu vejo [a questão dos festivais on-line] como uma faca de dois gumes. Assim como traz mais gente, é mais fácil de você conseguir que as pessoas assistam, a gente perde o calor do público, dos debates. Eu acho que tem muita opção de filmes na internet e isso dificulta um pouco a escolha”, conclui.