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Cannes: “Patti Cake$”, de Geremy Jasper

Cheio de charme, o filme sobre uma aspirante à estrela do rap, é previsível demais para ser algo realmente memorável

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Patti Cakes
1 de 1 Patti Cakes - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Patti (Danielle Macdonald) é uma jovem moradora de um subúrbio americano que sonha em se tornar rapper. Na verdade, esta seria sua única chance de escapar da mediocridade com a qual enxerga sua mãe, uma cantora sem sucesso que passa seus dias bebendo e cantando em bares locais para buscar alguma relevância na vida. Branquela e obesa, Killa P, como prefere ser chamada, forma um grupo com um velho amigo e uma nova paixão, além de sua avó doente (Cathy Moriarty, que volta a ter presença décadas após “Touro Indomável”).

A vida destes personagens, que ainda incluem um guitarrista estoico (Mamoudou Athie) e o farmaceutico Hareesh (Siddharth Dhananjay), é inespressiva. Todos tem nomes artísticos, Basterd para o guitarrista e Jheri para Hareesh, não porque suas músicas estão tocando na rádio, mas pela pura fantasia de que um dia conseguirão chegar lá.

Por vezes brutal, nos inúmeros xingamentos que Patti recebe e na constante desmoralização que sua mãe (Bridget Everett) esfrega em sua cara, “Patti Cake$” não está interessado em uma overdose de miséria, como outros filmes do gênero (“8 Mile”, filme autobiográfico do rapper Eminem é a comparação óbvia), mas sim no espírito de encarar as adversidades e de ser você mesmo.

Uma pequena ironia nesta fábula é que os personagens poderiam ser acusados de apropriação cultural: afinal Patti é branca e Hareesh é asiático. O guitarrista negro é roqueiro, e não tão interessado em rap. O filme até menciona isto, numa troca de farpas em que a mãe de Patti manda ela “agir como sua raça”, mas o veredito final depende da boa vontade do espectador em contemplar que um gênero musical deve ou não deve se abrir para qualquer interprete.

“Patti Cake$” tem uma mensagem central: que a despeito das dificuldades e da falta de resultados, devemos insistir em nossos sonhos. Por esta simples razão, deve ser qualificado como um conto de fadas, uma fábula que irá encorajar a pessoa que conhecê-la a tentar ser sua melhor versão. (Uma pequena dica é que o rapper famosa para quem Patti sonha em apresentar seu trabalho é The O-Z, referência aquele famoso mágico no fim da estrada de tijolos dourados.) Seu charme é o suficiente para elevá-lo ao status de “bom”, mas sua fórmula narrativa é mais do que previsível e batida, impedindo-o de ser algo transcendente.

Avaliação: Regular (2 estrelas)

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