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Cannes: “Men”, de Alex Garland

Cheio de imaginação para a premissa do filme, Garland se perde no final.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Men
1 de 1 Men - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Para quem não sabe que homens são um problema, o novo filme do auteur de sci-fi Alex Garland chega em boa hora. Harper (Jessie Buckley) termina um relacionamento de maneira traumática, e para ela o horror está prestes a começar. Partindo do conselho de uma amiga, ela decide pegar um tempo pra si e alugar uma casa de campo, isolada e afastada de tudo. Assim que chega, porém, Harper estaciona o carro ao lado de um pé de maçã, vê uma fruta suculenta e vermelhinha, arranca do galho e dá uma mordida. O diretor Alex Garland, evidentemente, não está preocupado com sutilezas.

Dentro da casa está Geoffrey (Rory Kinnear), o locatário, meio sem jeito e um tanto loser, mas divertido. A casa em si, que vemos durante o tour e a subsequente entrega das chaves, é um charme, mas incapaz de entender as várias aparições que começam a atormentar Harper: durante um passeio, um homem nu que começa a seguí-la (Rory Kinnear), o bar man do pub local, completamente desinteressado em ajudá-la (Rory Kinnear), um menino que começa a berrar insultos para ela na rua (Rory Kinnear) e até o padre local (Rory Kinnear), que tenta confortá-la dizendo que todos os problemas que Harper tem com homens são por defeitos dela mesma.

Se você reparou que todos os homens são interpretados pelo mesmo ator, parabéns! É a provocação central de Garland. Esta metáfora, situando todos os homens como seres iguais em suas relações com mulheres é revelada aos poucos no filme, mas está em todo canto do marketing, assegurando que qualquer um que tenha ouvido falar de “Men” já conheça essa surpresa. Mesmo assim, o impacto de cada performance de Kinnear é uma surpresa. Geralmente relegado para papéis de burocráticos ou desprezados, Garland lhe dá a oportunidade mais que bem-vinda de brilhar.

O único outro ator do filme é Paapa Essiedu, que interpreta o marido que Harper quer esquecer. Emocionalmente abusivo e injusto com ela, James é a lente traumática pela qual ela vive suas experiências no campo. O cinema inglês, aliás, tem grandes tradições no terror campestre, meio folk, até pagão. É como se os campos rurais do país fossem eles mesmos assombrados pelos inúmeros conflitos que um país com seu ocidentalismo tão longevo–não só de guerras e persecuções civis, mas também religiosos–absorvessem esta escuridão. Ao brincar com esses elementos é que o filme de Garland vale a pena, nos mostrando imagens únicas e grotescas.

O que não é tão bom no filme é que Harper começa ele como uma vítima da masculinidade e passa um longo período sendo açoitado por ela. Isso ainda prende a perspectiva feminina como algo relativo à presença masculina. É um filme de reação por parte de Harper, e não de ação. (Se ela consegue ou não se livrar disso não será revelado aqui, mas se o filme fosse diferente o suficiente para começar após os eventos aqui mostrados, pelo menos mostraria uma narrativa única.)

Assim sendo, a jornada do filme não nos leva tão longe de seu começo, com a simples mensagem do mau que os homens fazem.

Avaliação: Regular (2 estrelas)

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