metropoles.com

Cannes: “Hatsukoi”, de Takashi Miike

Novo filme do irreverente japonês é um liquidificador de gêneros.

atualizado

Compartilhar notícia

Festival de Cannes/Divulgação
First Love
1 de 1 First Love - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Um dos personagens principais desta comédia romântica é Leo (Masataka Kubota), um jovem boxeador com um diagnóstico de tumor cerebral. Yuri, (Sakurako Kanishi) foi vendida a um cafetão pelo próprio pai e se vê viciada em heroína. Ambos tem cara de adolescentes, e se conhecem quando Leo ajuda Yuri a fugir de gângsters da yakuza japonesa, chefiados por Kase (Shota Sometani), que também parece ter acabado de se formar do segundo grau.

Kase está tentando executar um plano perfeito: roubar um carregamento de heroína de seus próprios chefes e entregá-lo a um grupo de policiais corruptos que, por sua vez, culparão uma gangue Chinesa pelo roubo, livrando Kase de qualquer suspeita. O plano envolve Yuri, que não sabe de nada, e, obviamente, tudo dá errado. Entre tiroteios e decapitações, ainda conhecemos um fantasma de cuecas, uma assassina vingativa e um bandido de um braço só, que executa suas vítimas com uma espingarda.

Miike, frequentemente divertido e engajante, mistura uma trama de pulp fiction com a sensibilidade da revista em quadrinhos. A trama é própria de vários filmes B: um lutador sem medo da morte forma um casal com uma prostituta drogada e ambos tem de evadir policiais e gangues rivais. Só que enquanto o universo pulp evita a comédia, diretor e roteirista aceleram forte na comédia pop.

Tudo acontece em uma noite só, e a batalha final (sempre tem uma batalha final) ocorre dentro de uma loja de material de casa e construção, claramente uma escolha do diretor, pois todas as ferramentas e máquinas que ocupam as prateleiras são capazes de providenciarem mortes inesquecíveis.

Milagrosamente, tudo faz sentido e a história é coerente, diferentemente de um filme anterior de Miike, “Yakuza Apocalypse”, que também estreou na irreverente mostra “Quinzaine des Réalisateurs”, enterrado pela completa confusão narrativa que sua seleção de personagens, tão biruta quanto esta, navega. Aqui, Miike consegue manter a narrativa sobre controle e, só assim, é efetivo em transitar nos variados tons.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

Compartilhar notícia