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“Brooklin” é um bonito romance de formação sobre uma jovem imigrante nos anos 1950

Com roteiro escrito por Nick Hornby, o drama narra os passos de uma irlandesa que tenta construir uma nova vida no bairro do Brooklyn, em Nova York

atualizado

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Fox Searchlight Pictures/Divulgação
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1 de 1 Fox Searchlight Pictures/Divulgação - Foto: Fox Searchlight Pictures/Divulgação

A temática da imigração é mui cara a Hollywood. Não por acaso, o catálogo de filmes com personagens à deriva, em busca de oportunidades na América, revela trabalhos de propostas diversas, do blockbuster universal “Titanic” (1997) à obra-prima “Era uma Vez em Nova York” (2013), melodrama subestimado de James Gray. Em “Brooklin”, a escala é semelhante, mas a narrativa entrega mais intimismo e sutileza do que parece sugerir a sinopse.

O rosto frio, misterioso e confuso de Saoirse Ronan (indicada ao Oscar) serve perfeitamente à personagem de Eilis, uma jovem irlandesa nascida e criada numa pequena cidade ao sudeste do país, nos anos 1950. Tudo ali cheira a interior: do tédio cotidiano aos sempre espinhosos círculos de fofoca. Quando Rose (Fiona Glascott), irmã mais velha, lhe arruma uma chance de se mudar para os Estados Unidos, Eilis não hesita em arrumar as malas e pegar um navio rumo à América.

Um drama de época sem os excessos dos filmes de época
Baseado no livro de Colm Tóibín, o roteiro de Nick Hornby (também no Oscar) descreve com leveza os esforços de uma menina tentando erguer seu próprio mundo em uma metrópole. Ainda que continue rodeada por conterrâneos irlandeses e tenha saudades de casa, o primeiro relacionamento amoroso surge naturalmente com Tony Fiorello (Emory Cohen), um encanador italiano.

O cultuado autor de “Alta Fidelidade” e “Febre de Bola” fornece uma agradável prosa de romance de formação, seguida de perto pela fotografia de tons coloridos pensada por Yves Bélanger (“Clube de Compras Dallas”). As coisas parecem ter entrado nos eixos para Eilis: ela tem um emprego em uma loja de departamentos, estuda à noite para ser escriturária e arranjou um namorado gentil e trabalhador. Ainda assim, as feições da jovem mostram dúvida e desconforto.

“Brooklin” só perde força nos vinte minutos finais, quando o roteiro força um arco pouco crível para a protagonista. Indicado a melhor filme, o longa do irlandês John Crowley em nada lembra certos genéricos produtos ingleses que costumam habitar o Oscar, como “O Discurso do Rei” (2010) e “Sete Dias com Marilyn” (2011). É um drama de emoções contidas sobre uma mulher demarcando seu terreno e lutando contra a mentalidade interiorana em plenos anos 1950.

Avaliação: Bom

Veja horários e salas de “Brooklin”.

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