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Artistas negros acusam Portela de uso indevido de obras: entenda

Emerson Rocha e Tiago Sant’Ana afirmam não terem sido procurados pela Portela para falar sobre o uso de suas artes no desfile da escola

atualizado

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Reprodução/TV Globo
Iemanjá negra no Desfile da Portela 2024 - Metrópoles
1 de 1 Iemanjá negra no Desfile da Portela 2024 - Metrópoles - Foto: Reprodução/TV Globo

Artistas visuais negros usaram as redes sociais para denunciar o uso indevido de seus trabalhos no desfile da Portela, na última segunda-feira (12/2). Com o enredo Um Defeito de Cor, inspirado na obra homônima de Ana Maria Gonçalves, a escola teve um dos desfiles mais elogiados do Carnaval 2024.

O artista visual, crítico e curador Emerson Rocha afirmou ter ficado sabendo da incorporação de obras suas no desfile durante uma exposição realizada pela própria Portela sobre o tema do samba-enredo. Ele diz que não foi procurado para tratar sobre direitos autorais, mas que chegou a receber um convite para desfilar com a escola, o que acabou não acontecendo, já que a agremiação só procurou Emerson 1h antes do início da apresentação.

“Não compareci ao desfile e fiquei extremamente chateado com a escola, os carnavalescos e a forma como fui tratado. Bem menos pelo convite feito em cima da hora e sem a mínima sensibilidade (quase como uma forma de desencargo de consciência) e muito mais em como se deu todo esse processo de uso das artes, saber desse uso através de terceiros e a total falta de comunicação por parte de setores importantes da escola que foram desrespeitosos comigo e com minha arte”, lamentou.

Emerson ainda compartilhou alguns registros das poucas mensagens que trocou com a equipe da Portela e imagens da sua obra Mãe, usada tanto nas vestimentas da Santidade Menina Jeje, presentes na ala 7, quanto em uma das alegorias.

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“Se tem algo que eu não admito é que desrespeitem ou menosprezem o meu trabalho. Defendo ele como uma mãe defende seus filhos pq meu trampo é a minha vida, e eu não vou desistir dele nunca. Os meus parabéns à Portela pelo desfile lindo demais, é uma verdadeira pena que algo tão grandioso e importante vai ser relembrado por mim como um dos dias onde eu me senti mais desrespeitado como um artista preto contemporâneo e independente.”

Emerson Rocha

Nesta quarta-feira, o artista visual Tiago Sant’Ana também revelou ter uma obra, Fluxo e Refluxo (barco de açúcar), utilizada no desfile sem qualquer referência à sua autoria.

“Esse trabalho, dentre outras exposições, participou (em 2022, no Museu de Arte do Rio) e participa (agora no MUNCAB em Salvador) da mostra Um Defeito de Cor, baseado em livro homônimo de Ana Maria Gonçalves. Ao assistir ao desfile também homônimo da Portela anteontem não pude deixar de observar, com surpresa, num dos tripés da escola de samba, uma composição escultórica semelhante ao meu trabalho”, explicou Tiago.

“Não há nenhum registro formal por parte da escola de se tratar de uma citação/referência/inspiração à minha obra – embora essa seja uma das primeiras obras da exposição no MAR, onde inclusive exporam figurinos da Portela. Nem mesmo no livro Abre Alas, publicação onde os carnavalescos descrevem as suas concepções para os desfiles, há qualquer menção”, salientou o artista plástico.

Tiago também afirmou que o post denunciando a Portela é uma tentativa de arquivo/registro sobre o processo de composição da obra, criada entre 2020 e 2021. “A missão de uma pessoa artista perpassa muitas vezes também pelo ato de registrar e salvaguardar memórias. Se você não dá nome as coisas, darão por você”.

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